Ponte suspensa desmorona pela segunda vez
Uma ponte suspensa de quatro faixas sobre o Rio Ganges, o maior da Índia, caiu pela segunda vez nesse domingo (04). Oito pessoas estavam trabalhando no local, incluindo um guarda que está desaparecido.
A ponte, localizada na cidade de Bilhar, começou a ser construída em 09 de março de 2015. A estrutura deveria ligar as cidades de Sultanganj a Khagaria, no distrito de Bhagalpur.
A primeira queda foi registrada em 30 de abril de 2022. Segundo funcionários do local, a ponte havia caído por conta dos ventos fortes.
Um trabalhador morreu quando a ponte caiu no ano passado, de acordo com as autoridades. O projeto começou em 2014 e a primeira pedra foi colocada um ano depois.
“Procuramos o Instituto IIT-Roorkee, considerado pela sua experiência em construção, para fazer um estudo. Ainda não foi divulgado o relatório final, mas especialistas que analisaram a estrutura informaram que havia defeitos graves”, disse o vice-ministro-chefe de Bihar, Tejashwi Yadav, citado na NDTV.
Processos
O processo de construção de uma ponte é constituído por várias etapas distintas. Segundo o engenheiro estrutural e membro da Associação Brasileira de Pontes e Estruturas (ABPE), Fabio Poltronieri, durante o processo são levantados dados importantes que ajudarão firmar a estrutura.
“Precisam ser feitos estudos relativos ao leito marinho ou fluvial a ser transposto, aspectos geológicos, sísmicos, tipo de tráfego sobre a ponte, navegabilidade sob a ponte com possibilidade de impacto de embarcações, ventos, viabilidade financeira, dentre outros”, disse.
Ele reforça que estudos preliminares dão subsídio para a elaboração do projeto de fundações e estruturas, que determinarão quais as técnicas que serão utilizadas, os materiais – tipos e características, as dimensões e profundidade das fundações, das peças estruturais e o planejamento da execução.
“Este último tópico envolve a escolha dos tipos de equipamentos, prazos para que os materiais se consolidem e a sequência de execução das peças”, afirma.
Falhas
Para Fábio, o acidente provavelmente não aconteceu por apenas um motivo. “No caso da ponte sobre o Rio Ganges, é prematuro fazer qualquer afirmativa antes de serem publicados os boletins da investigação. Porém, podemos afirmar que são vários elos de uma corrente que se fecham para que haja o colapso de uma estrutura, seja ela de pontes, edifícios ou de qualquer natureza”, destacou.
De acordo com o membro da ABPE, os países possuem códigos relativos ao projeto e práticas executivas de obras. No caso de pontes, há códigos específicos, muito detalhados e muito rigorosos para esse tipo particular de estruturas.
“Eles ditam a qualidade requerida dos materiais, as condições de contorno que deverão ser previstas, as formas de combinar os carregamentos na estrutura, os coeficientes de segurança, as boas práticas executivas, enfim. Tudo o que for necessário para garantir a habitabilidade e estabilidade nas situações mais adversas. A ruína de uma estrutura normalmente está ligada a erros, considerações e práticas em todas as etapas envolvidas”, concluiu ele.
Soluções
Para evitar este tipo de tragédia, Fábio pontua que devem ser observadas diversas práticas, como conferência dos cálculos feita por uma equipe muito especializada, não só por um engenheiro; Respeito aos códigos e regras de projeto e construção, pois este material é preparado pelos profissionais mais capacitados a nível global;
Controle de qualidade rigoroso dos materiais aplicados, conferindo se suas características correspondem àquelas adotadas nos cálculos; Atestar a capacidade técnica da equipe executora e de projeto, no que tange à experiência pregressa de execução daquele tipo de obra; Efetuar ensaios de recebimento das estruturas, como provas de carga estáticas e dinâmicas.
*Por Aline Pagotto, com informações da Agência Brasil