Projeto redefine cultura da engenharia e construção civil
A realidade dos projetos industriais implementados no Brasil aponta que apenas 40% são considerados de sucesso, revela o presidente da Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ilso de Oliveira.
Partindo desse princípio, surge a gestão compartilhada. O objetivo da iniciativa é desenvolver uma cultura para que empresários e executivos assimilem que qualquer implantação requer disposição ao debate de todos os envolvidos e a aceitação de ajustes.
De acordo com Oliveira, ela pode ser a chave para a mudança dos indicadores que reduzem o sucesso dos projetos.
“A gestão compartilhada, apesar de ser entendida como um modelo gerencial, é, na realidade, uma nova cultura de gestão. A construção dessa mentalidade exige uma postura empresarial focada no resgate da credibilidade e da confiança entre os empreendedores e seus fornecedores”, explica.
Empresas implementam a gestão
A construção da fábrica de celulose, na região de Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul, que pertence ao Projeto Cerrado da Suzano, conta com a cultura da gestão compartilhada. Segundo o diretor de engenharia do projeto, Maurício Miranda, a obra foi implementada em duas frentes de atuação.
A primeira teve início no processo de contratação, em que foi estabelecida uma matriz de riscos compartilhados. A segunda frente de atuação foi focada na gestão da mão de obra e no clima do site, apontou.
“Dessa forma temos uma abrangente lista de itens que, caso ocorram durante a execução do contrato, sabemos como as responsabilidades e custos serão alocados. Assim temos a chamada Comissão Master, em que participam os principais empregadores de mão de obra, os principais EPCistas, as gerenciadoras e a Suzano. É na Comissão Master que deliberamos em conjunto quando e quais campanhas e ações serão implementadas”, conta.
Para Miranda, a gestão compartilhada, especialmente em projetos de expansão, se tornou um processo aplicado em comum entendimento técnico e comercial com as áreas de Engenharia e Suprimentos da sua empresa. “Estabelecer parâmetros para o compartilhamento da gestão dos trabalhadores de um grande site de obras é benéfico para o contratante e para os contratados, evitando precificar a contingência em excesso”, esclareceu.
Obras industriais
No setor de obras industriais e corporativas, Miranda apontou que vê a gestão compartilhada como ponto estruturante do processo. “Projetos estruturantes, os quais demandam grandes investimentos, tempo de execução e especialmente onde várias contratadas compartilharão do mesmo espaço, não vemos outra forma de conduzir senão pela gestão compartilhada”, concluiu.
O tema tem interface com o projeto “Sustentabilidade das Empresas do Segmento de Obras Industriais e Corporativas”, da COIC/CBIC, em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).
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*Por Aline Pagotto, com informações da CBIC.