Prós e contras da corretagem de imóveis

Alex Pandini

De um lado, flexibilidade para fazer o próprio horário, possibilidade de altos ganhos, conexão real com pessoas. De outro, falta de uma renda fixa, vendas já resolvidas que voltam atrás, volatilidade do mercado e incerteza quanto ao futuro. Essa gangorra é a vida do corretor de imóveis. Para falar sobre esses prós e contras, o blog foi ouvir Renato Avelar, broker da RE/MAX Haüser, que tem mais de 30 anos de experiência no mercado e é uma referência no setor imobiliário do Espírito Santo.

(foto da capa: Bigstock)

 

Vantagens

Avelar elenca como a principal vantagem de ser corretor uma possibilidade que também faz parte de uma característica pessoal: a liberdade. “O corretor pode viver com mais flexibilidade, fazer seu tempo, se quiser tirar um dia de folga tira, se quiser tirar uma semana tira também, basta se planejar e ter o tempo a sua disposição, sem que precise bater ponto e cumprir horários”, diz. É claro que, para atingir essa liberdade, é necessário construir um caminho que leve até lá, e para ele se trata do perfil, da personalidade do indivíduo, e é o ponto primordial. “Ser corretor não é para qualquer um, é necessário ter esse espírito de aventura”, vaticina.

 

Renato garante que o corretor pode alcançar os resultados dependendo unicamente de seu esforço. “Uma carreira numa companhia, por exemplo, depende de promoção, relações interpessoais e outros fatores e circunstâncias que muitas vezes fogem ao seu controle, Na corretagem, o sucesso depende unicamente do que você fizer”.

 

Ele também diz que nenhuma outra profissão proporciona ganhos tão altos em tão pouco tempo. Cita como exemplo a venda de um galpão, há poucos anos, por 300 milhões de reais, que deve ter dado um excelente retorno para o corretor que fechou a venda, sem dúvida! Embora seja um caso entre milhares, na média, de fato, o mercado imobiliário tem oportunidades de ganhos acima de qualquer carreira, mesmo de médico ou na área de tecnologia, cujos bônus podem chegar tranquilamente a R$ 100 mil, R$ 200 mil ou mais em uma única venda.

 

Outra vantagem destacada pelo corretor é a ausência de rotina. ” Vivemos o inusitado, é cada dia diferente, não há rotina, e nesse processo se dá outra vantagem, que é a de conhecer pessoas, mas conhecer de verdade e não somente numa relação formal. Nosso trabalho cuida dos sonhos das pessoas, e quando é bem feito é algo maravilhoso, não dá para descrever”, diz Renato.

Renato Avelar, broker da RE/MAX Haüser, em momento de descontração. Foto; divulgação.

 

Sem dúvida, não é difícil imaginar que é possível criar vínculos fortes com outras pessoas, no momento em que entramos em suas vidas com a missão de definir algo tão importante quanto a casa, o apartamento ou outro imóvel. São negócios que envolvem sentimentos, estilo de vida, desejo e sonho. “O trabalho cria conexões reais e profundas com pessoas, porque exige que tenhamos um olhar sempre atento para o outro, há muito de psicologia nisso”, analisa.

 

Em função desse network, ele estabeleceu vínculos com pessoas dos mais variados tipos, recebe convites para casamentos, aniversários, e sempre que encontra alguém por acaso num bar ou restaurante diz ser recebido com muito afeto. Outra vantagem que Avelar lista é o dinamismo. “O processo de trabalho é muito dinâmico, o corretor faz foto, faz vídeo, faz cadastro, atendimento, a maior parte do trabalho é em campo e não no escritório, é revigorante”.

 

Desvantagens

Bem, nem tudo são flores, não é mesmo? Entre as desvantagens que o broker da RE/MAX Haüser cita no que diz respeito à profissão de corretor imobiliário, pode-se dizer que o calcanhar de Aquiles está na questão financeira. Em regra geral, não há um salário fixo, e o sucesso do empreendimento não depende apenas de abnegação, ou seja, não basta ser o primeiro a chegar e o último a sair da imobiliária, porque não se dá uma relação direta entre cumprir horário e ter uma renda.

 

Renda fixa quase nunca existe no ramo. Quando muito, existe uma ajuda de custo. Bem diferente de quem trabalha com carteira assinada ou contrato com salário fixo. “É uma escolha, por isso disse que é necessário ter perfil de aventureiro. Ou então é melhor não ser corretor e buscar trabalhar numa repartição, ou mesmo numa empresa, cumprir o horário certinho, executar as funções e receber o seu no fim do mês”, diz Renato.

 

Outra questão que ele coloca como desvantagem tem a ver com paciência. Trata-se da grande volatilidade do negócio, que o especialista resume assim: “às vezes, o camarada vai vender muito, vai ter um mês de ‘baciada’, e no mês seguinte, zero, nada. Isso é normal. O importante é ter um planejamento e entender que a venda não é apenas um momento, ela se dá num processo longo, as circunstâncias variam, e é importante ter foco e perceber cada etapa do processo”, ensina. Num cenário tão incerto, é fundamental para o profissional ter equilíbrio psicológico e confiança no próprio talento e esforço.

 

Mas, mesmo assim, ele diz que é necessário ter resiliência como ninguém, pois o negócio é tão imprevisível que mesmo quando a venda já foi feita ela pode não acontecer. Isso se dá quando só faltam os detalhes burocráticos, os valores já foram acertados, o aceite já veio, e de repente o cliente dá para trás. “Seja porque o cartório acabou complicando, ou alguém próximo ao cliente deu um palpite contrário, ou surgiram problemas inesperados na documentação, ou mesmo o ‘efeito travesseiro’, quando o cliente dorme e no outro dia diz que pensou melhor e decide não fechar o negócio”, afirma o especialista. Ele também diz que, na maioria dos casos, quando uma venda não se concretiza, o problema está no corretor, e que cada episódio é uma experiência a somar na carreira como aprendizado.

 

Metáfora

Renato Avelar é velejador, e fez uma comparação do negócio com a modalidade esportiva. Nesse sentido, o barco seria a estrutura física da empresa, as velas, o seu motor, a energia para fazer o negócio funcionar, e o mar… bem, o mar é o mercado. “É necessário entender o mar, perceber as nuances do mercado, às vezes o mar esta em calmaria, tem que ter paciência. E às vezes o mercado está em tempestade, aí é importante ter controle da situação, tanto quanto da sua estrutura quanto do ambiente”, resume.

 

O importante é aprender com cada experiência, acumular conhecimento e ir corrigindo os rumos do plano. Como vimos, é necessário ter antes de tudo compromisso, paciência e confiança para ser um bom corretor.

 

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Foto de Alex Pandini

Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.