Construção Civil: da fama de poluidor ao maior setor reciclador

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O alumínio é uma opção muito sustentável para esquadrias de portas e janelas ou estruturas de sustentação. Foto: Alumiteck

Setor reciclador, sim! Muita gente ainda não sabe, mas a construção civil tem se destacado quando o assunto é preocupação com a sustentabilidade. Muitos são os processos que vêm sendo modernizados, tanto pelo uso de novas tecnologias, quanto pela reciclagem de materiais. E nesse artigo, exclusivo para a Constrói ES,  a arquiteta Liliam Araujo esclarece bem o porquê dessa afirmação, de que o setor se tornou referência em sustentabilidade. Vale a pena conferir.

Construção Civil: da fama de poluidor ao maior setor reciclador

Por Liliam Araújo 

Construção civil Setor reciclador

A arquiteta e consultora Liliam Araújo. Foto: arquivo pessoal

A construção civil sempre carregou a fama de ser altamente poluente, principalmente se falarmos em emissões atmosféricas devido a queima do Clínquer, principal matéria prima do cimento. No meu ponto de vista, o pensamento sustentável deve passar por um pensamento global, mas o agir deve ser local.

Se considerarmos a ilha de Vitória, espaço passou a ser um dos maiores problemas. E o descarte de resíduos que ocupa grandes extensões de terra com aterros sanitários, deve permear o pensamento em todas as etapas do ciclo de vida das edificações. Logo, principalmente dos projetistas que fazem especificação de materiais.

A Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama, estabelece, entre outras coisas, que a construção civil deve se responsabilizar pela geração dos seus resíduos. Bem como, que a gestão de resíduos tem como foco reduzir, reaproveitar e/ou reciclar. Isso porque se observa que quanto mais entulho produzido nas obras, maior será a energia, o tempo gasto e o custo agregado ao valor final.

E isso, seja o que for que a construtora faça, ou mesmo por meio de opções combinadas. Nessa seara, a Construção Civil consegue absorver os mais diversos resíduos, além dos seus próprios, os produzidos por outros setores industriais.

Sustentabilidade

A sustentabilidade de um material pode ser avaliada de várias maneiras. Uma delas é possuir na sua composição materiais de origem reciclada. E tem mais, podemos avaliar ainda se esse componente é oriundo de reciclagem pré-consumo ou pós-consumo.

Falar em construções sustentáveis e com componentes reciclados não mais remete a casas alternativas. Mas, sim a produtos altamente tecnológicos de resultados estéticos que agradam o público mais exigente e consciente.

Reciclados

Entre os principais produtos utilizados pela Construção Civil com componentes de origem de processos de reciclagem, podemos citar:

  • O cimento tipo CP III que contem escória de alto forno, um resíduo da indústria siderúrgica e o aço;
  • O EPS (poliestireno expandido) após reciclagem pode se transformar em vários produtos. Desde de formas para concreto a guarnições como rodapés, molduras, formas para sistemas de vedação ICF e EIFS até chapins para telhados;
  • Garrafas PET e alguns outros polímeros, facilmente se transformam em resina para composição de tintas, tubos para esgotamento sanitário, juntas de dilatação para concreto, etc.
  • O vidro de garrafas e embalagens de alimentos se transformam em vidro plano que comporá nossas esquadrias.
  • E já que falamos em esquadrias, não podemos deixar de citar a reciclagem do alumínio que transforma desde cápsulas de café a latas de envaze de bebidas na matéria prima das esquadrias da maioria das edificações verticais na região litorânea do país.
  • Piso vinílico, um dos revestimentos queridinhos do mercado de arquitetura de interiores. Além de ser reciclável, tem na sua composição o PVC e mineral reciclado. Ou seja, você pode construir com materiais reciclados sem perder qualidade, durabilidade e a referência estética.

E mais…

Além dos materiais citados, podemos incluir outros produtos que reciclam plástico, papel, madeira, argamassa, gesso, canos, garrafas, concretos, pedras, tijolos e até tubo de pasta de dente e caixas de embalagem de leite (tetrapak) podem virar telhas e chapas para paredes.

O mais importante é fazer o descarte correto para cada tipo de resíduo e conhecer a legislação e normas técnicas. Saber o que pode ou não ser feito com essa matéria prima de origem reciclada. Guarde os resíduos recicláveis de forma segregada em área destinada exclusivamente para essas atividades, com cobertura e piso impermeável, devidamente identificados.


A arquiteta Liliam Araujo, MSc, é especialista em Gestão Ambiental, mestre em Engenharia Civil e consultora em Desempenho e Sustentabilidade

Foto de Alex Pandini

Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.