Steel frame: as vantagens do aço galvanizado
O steel frame começa a ficar conhecido no Brasil. A construção civil projeta um cenário positivo para este ano. A expectativa é de que novas tendências movimentem o setor.
Então, se o assunto é nova tendência, vamos falar de steel frame, um sistema que tem se popularizado no Brasil. Construtoras e escritórios de arquitetura estão se especializando nesse segmento, já muito usado no Chile e Argentina.
Mas, você sabe o que é?
Steel frame
O sistema construtivo conhecido como Light Steel Frame utiliza estruturas feitas de aço galvanizado. Esse sistema é fechado com placas que podem ser feitas de madeira, cimento, alumínio composto ou até mesmo drywall.
Em relação às obras tradicionais, de alvenaria, as estruturas de perfis de aço galvanizado entram no lugar do concreto armado. Assim como o gesso acartonado (chapas de drywall) e as placas cimentícias substituem os tijolos.
O Steel Frame não é uma técnica nova, mas ainda é pouco conhecida e adotada no Brasil. “Aqui no Sul, está um pouco mais disseminado. Pelo menos em Santa Catarina e no Paraná, já tem uma presença mais forte nas obras”, conta o gerente de Marketing do Espaço Smart, grupo renomado na técnica.
Além das estruturas de aço galvanizado, uma parede em steel frame é composta por:
- Fechamento externo (placas OSB e placas cimentícias);
- Isolamento térmico acústico (lã de pet, lã de rocha);
- Fechamento interno (placas de gesso brancas, ou verdes, caso sejam para áreas úmidas).
Após a fundação, os perfis feitos de aço são colocados até atingirem o formato desejado. Em seguida, são colocadas nas laterais do aço, as placas ou painéis, dando o acabamento.
Vantagens do steel frame
A construção com esse tipo de estrutura oferece muitas vantagens sobre a construção tradicional. Acima de tudo, torna a obra mais rápida, organizada e racionalizada. Assim como dispensa a necessidade de água, o que proporciona uma construção seca, nome pelo qual esse sistema também é conhecido. A água só é utilizada em um único momento: na formação do radier (estrutura de fundação no solo).
Entre as vantagens do sistema, sua resistência e durabilidade (até 300 anos) se destacam. Bem como a redução de custos e maiores possibilidades de uso. Além disso, o sistema é sustentável, porque os resíduos da obra são recicláveis.
O sistema está sendo cada vez mais utilizado na construção de edifícios. Isso porque é facilmente adaptado a qualquer tamanho ou forma de obra. Além disso, se comparada a uma construção de madeira, por exemplo, a steel frame é mais resistente. “O aço suporta muito mais o fogo, por exemplo. E não é atacado por cupim. Ou seja, é mais segura para construção”, destaca o engenheiro Wanderley Piccinini.
E a entrega da obra, via de regra, é feita em um prazo muito menor. O steel frame não leva massa e cimento. Então é possível preparar painéis das paredes antes da obra. “Uma casa de 260m², que demoraria cerca de 1 ano e meio para ficar pronta, no steel frame leva de 6 a 7 meses para ser concluída”, conta Fernando Scheffer.
Isolamento térmico e acústico
Na lista de vantagens, entram ainda os isolamentos térmico e acústico. “Uma obra de alvenaria isola 30 decibéis, enquanto uma obra de steel frame isola 42 decibéis. E precisamos pensar que o impacto de cada decibél funciona como uma progressão geométrica.”, explica Scheffer.
E ele destaca ainda que, depois da obra pronta, existe ainda uma vantagem significativa. As casas possuem isolamento térmico mais eficiente. “Estima-se que a economia seja de 20% a 30%, em relação às casas de alvenaria, especialmente no verão”, ensina.
Com relação ao isolamento térmico, é muito simples entender, porque existe uma lã de vidro que fica dentro da parede. “Ela já é o próprio isolamento. Na alvenaria tem apenas o tijolo, então o steel frame é muito mais condutor de calor, poque são três produtos distintos, internamente”, argumenta.
Resumindo, são três os fatores decisivos para a escolha do steel frame pelos clientes. O primeiro é a precisão orçamentária. “Ao longo do tempo, conhecemos muitas pessoas que passaram por uma construção e a maior dor desse cliente e planejar um custo de R$ 10 mil., por exemplo, e ter de gastar R$ 15 mil”, exemplifica Scheffer. Isso nos casos de construções em alvenaria.
O segundo ponto é a velocidade da obra, “que é imediatista”. Por fim, o terceiro ponto é o conforto térmico-acústico. “Nas regiões de temperaturas baixas, como aqui em Ponta Grossa, que fez 3º graus na última semana, como moro em uma casa de steel frame, senti a diferença considerável de conforto térmico”, garante Scheffer.
Pontos de alerta
Afirmar que o steel frame é mais caro que outros sistemas de construção é bem comum. Bem como, apontar que a causa desse custo elevado está na matéria-prima e no processo de fabricação.
Vale destacar que o aço galvanizado, nesse caso, corresponde a 40% da obra. Os outros 60%, independente do método construtivo, são empregados da mesma forma. Por exemplo, as estruturas hidráulica e elétrica, o porcelanato, a pintura. “A obra branca no steel frame, que também pode ser chamada de obra cinza, é a etapa que vem antes do acabamento. O steel vai até essa parte. Depois, a obra continua da mesma forma, daí vem o acabamento”, explica Scheffer.
“Nas casas que comercializamos, a média é de R$ 4.200 o metro quadrado”, aponta o especialista. No entanto, ele destaca que é preciso atenção ao se comparar custos. A equipe da empresa em que trabalha realiza cerca de 250 orçamentos projetos de casas por mês. “E o que percebo que casas a partir de 260m² começam a ficar mais fácil de viabilizar em questão de custo”, aponta.
E ele enfatiza o foco nos critérios de comparação. “Mas quando falo de custo, estou comparando uma parede de fio, que envolve as placas, mais o vidro, tijolo e cimento. Você já tem uma comparação desleal, se for pensar em durabilidade e manutenção”, detalha.
Matéria-prima e capacitação
A matéria prima é sim uma preocupação. O aço é a base do steel frame. Portanto, o sistema é depentende da indústria siderúrgica. Assim, um problema nesse setor pode afetar o andamento de projetos de construção.
Também é preciso estar atento às condições climáticas e geográficas. Entre elas, solos instáveis, temperaturas extremas e umidade excessiva. “O steel frame pode não ser ideal para as regiões oceânicas com alta incidência de ventos muito fortes ou mesmo tempestades”, afirma o engenheiro Piccinini. Do mesmo modo, não é tão seguro para prédios com mais de quatro andares.
Ainda na lista das desvantagens do sistema, o steel frame exige mão de obra especializada para sua instalação. Somente profissionais muito bem treinados podem garantir a segurança e a integridade estrutural do sistema.
Grande gargalo
Na avaliação de Scheffer, a capacitação dos profissionais está entre os principais desafios. “Particularmente, eu trato a oferta de mão de obra qualificada como um grande gargalo”, aponta. A demanda é tamanha, que a empresa conseguiu a realização de cursos, junto ao Senai. “Qualificamos mais de 8 mil profissionais desde 2012, e vimos uma crescente muito grande por pessoas que queriam se capacitar. Esse curso surgiu a partir do momento que apresentamos essa necessidade para o Senai, que abraçou a ideia”, conta Fernando.
Ele destaca ainda que essa ausência de mão de obra qualificada varia muito por região. Dependendo do quanto a técnica é disseminada naquela determinada localidade. “Aqui em Ponta Grossa, por exemplo, como já estamos há mais tempo com loja, com muitas obras construídas, é natural que tenha mais mão de obra”, diz. E complementa: “o que posso dizer é que as cidades em que tem mais necessidade, a mão de obra é mais bem resolvida”.
O mecado é bastante promissor. “Não é difícil se especializar, mas para construir precisa ser alguém que se capacitou. Nosso treinamento é de 4 dias. Mas, é claro, que a pessoa não sai um expert em construção. Porém, está apta a entrar em uma empresa como auxiliar e já entende o sistema”, afirma.
“A pessoa capacitada tem a chance de entrar em 2 ou 3 obras nossas. Temos assessoria in loco, então se a pessoa o material da casa conosco, nós damos essa assessoria. Depois de 2 a 3 casas a pessoa que passou pelo curso já pode construir sem acompanhamento”, enumera.