Tijolo ecológico, alternativa sustentável
O tijolo ecológico, produto do conceito de sustentabilidade na indústria da construção, vai ganhando cada vez mais espaço no mercado. No ES, pequenas fábricas surgiram nos últimos anos. Uma delas, em Santa Maria de Jetibá, cresceu em 2023, atende a todo o estado e chegou em Minas Gerais.
O famoso “tijolinho”. crédito: creative commons.
O mundo atual exige que a sustentabilidade seja norteadora de todas as atividades, a fim de garantir a existência de recursos naturais no futuro, bem como reduzir os danos causados ao meio ambiente. Na indústria da Construção Civil a meta da sustentabilidade levou ao desenvolvimento de uma série de melhorias no processo de produção. Um produto surgido nesse conceito é o tijolo ecológico, que se apresenta como uma alternativa bastante eficaz para reduzir os impactos ambientais advindos do processo tradicional de produção, com risco de contaminação do solo e deterioração da qualidade da água e do ar. A Associação Brasileira de Cerâmica (ABCERAM) estima que existam cerca de 600 olarias em atividade no Brasil, o que potencializa o risco.
Diante dessa realidade, o tijolo ecológico se apresenta como uma alternativa bastante eficaz para reduzir os impactos. Os benefícios vão desde a matéria prima até a instalação, o que torna a obra mais simples e com menor custo. Primeiro porque não há queima ou combustão de madeira no processo de fabricação, como ocorre com os tijolos convencionais. O chamado “tijolo sustentável” é produzido basicamente com terra, numa proporção de 70% de areia e 30% de argila, e cimento. Existem outras formas de obter o produto, por meio de resíduos da siderurgia e até por bagaço de cana, mas o primeiro tipo é o mais comum.
Prós e Contras
A primeira vantagem é a economia. O percentual vai variar dependendo do gasto com o acabamento, mas, olhando apenas a parte estrutural da obra, o custo fica entre 30% e 35% menor na comparação com as construções de alvenaria. As vantagens seguem com o design que permite melhor encaixe, otimizando o tempo da construção, posto não necessitar de vigas de apoio. Seu formato permite ainda passar instalação elétricas e hidráulicas sem quebrar qualquer parede.
Entre as desvantagens, ele é naturalmente mais espesso (maior largura), necessita de um cuidado especial para garantir uma boa impermeabilização, é menos resistente a impactos e pode ser um limitador para reformas futuras, além de exigir mão de obra especializada no assentamento.
Mesmo não sendo o ideal para todo tipo de construção, o tijolo ecológico – com o perdão do trocadilho – pode se encaixar perfeitamente em uma série de situações. Aqui no Espírito Santo, a fabricação desse tipo de produto está em expansão, com várias fábricas de pequeno porte em atividade buscando atender à demanda crescente.
De Santa Maria para o Mundo
No município de Santa Maria de Jetibá, há 5 anos surgiu uma pequena fábrica, a Tijolo Ecológico Jetibá, uma parceria entre os amigos Luiz Carlos Coelho e Geraldo César de Carvalho. Luiz Carlos é construtor e Geraldo tem mais de 20 anos de experiência com rebaixamento de gesso. Quando ficou difícil para o primeiro conciliar a produção do tijolo e a gestão das obras, a parceria surgiu. Geraldo toca a fábrica e hoje fornece matéria prima para o amigo.
Inicialmente, era uma fabriqueta que atendia ao mercado local, mas em pouco tempo o negócio foi ganhando proporções maiores. Eles já construíram casas, pousadas e até prédio comercial de 3 andares. De Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa e região, a clientela foi se espalhando e hoje eles atendem a todo o Espírito Santo, e estão indo além. Recentemente, receberam a primeira encomenda de fora do estado, 30 mil tijolos para o município de Ipatinga/MG. “Eu posso dizer que em 2023 a demanda está o dobro do ano passado”, comemora Geraldo. Ele credita o boom ao investimento recente feito no marketing da empresa.
Eles também estão construindo uma casa duplex em Carapebus, na Serra. Mas o foco ainda está na região serrana, onde o tijolo ecológico caiu nas graças dos proprietários de sítios. Geraldo diz que, além da economia, a montagem mais rápida (cerca de 30% menos tempo) também é um atrativo para esse tipo de cliente. “Além disso, no interior não é fácil encontrar mão de obra para construção de alvenaria, e nós temos gente especializada no ‘tijolinho’, o que nos dá uma vantagem a mais”, diz.
A parceria dos amigos Geraldo e Luiz Carlos é um exemplo de que o tijolo ecológico tem um grande potencial econômico no Espírito Santo, e quem buscar profissionalização e pensar grande vai sair na frente nesse ainda novo nicho de mercado que alia economia com sustentabilidade na construção civil.