Conheça os tijolos feitos com roupas velhas

tijolos feitos com roupas velhas. Clarisse Merlet. FabBRICK

A arquiteta francesa Clarisse Merlet. Foto: FabBRICK

Tijolos feitos com roupas velhas… quando a construção civil vira solução para um grave problema do mercado de vestuário.

Buscar alternativas sustentáveis é um desafio de todos. Portanto, pensar em formas de diminuir o desperdício é uma preocupação de muitos profissionais e, consequentemente, de indústrias. Afinal, os altos índices de descartes de resíduos poluem muito a natureza.

Quando estava na faculdade de arquitetura, a francesa Clarisse Merlet se incomodava com a quantidade de resíduos que a indústria têxtil gerava. Para se ter uma ideia, somente na França, são cerca de 4 milhões de toneladas e, nos Estados Unidos, mais de 17 milhões de toneladas.

Em 2017, o relatório A New Textiles Economy: Redesigning Fashion’s Future, publicado pela Ellen MacArthur Foundation, mostrava o tamanho do problema. Hoje, certamente muito maior. De acordo com o documento, a cada segundo, o equivalente a um caminhão cheio de roupas era destinado à aterros ou incinerado no mundo. No entanto, menos de 0,1% de peças usadas eram recicladas.

No Brasil, roupas velhas, retalhos da indústria da moda e peças de couro respondem por mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis descartados por ano. Isso corresponde a 5% de todos os resíduos produzidos país.

Tijolos feitos com roupas

tijolos feitos com roupas velhas Na tentativa de diminuir esse desperdício, Clarisse Merlet criou a FabBRICK, empresa que produz tijolos a partir de roupas que seriam jogadas fora. E, em 2018, iniciou a produção upcycling.

A companhia garante que os tijolos são à prova d’água, resistentes ao fogo e podem ser usados na construção de objetos de decoração. Bem como na criação de paredes com o foco em isolamento térmico e sonoro, já que o tecido é um ótimo material isolante. Cada unidade utiliza a quantidade de tecido correspondente a duas ou três camisetas.

“Desde a nossa criação no final de 2018, já desenhamos mais de 40.000 tijolos que representam 12 toneladas de têxteis reciclados”, conta a fabricante.

A roupa rasgada, qualquer tipo de tecido, já é comprada pré-moída de um fornecedor na Normandia. E esses resíduos, que antes iriam pro lixo, agora são misturados com uma cola ecológica, também desenvolvida por Clarisse.

Em seguida, esse material é levado para uma máquina de compressão mecânica, que molda os tijolos, em quatro opções de tamanhos. E essas peças molhadas são removidas do molde e colocadas para secar por duas semanas antes de usar.

Na construção civil

Balcão com os tijolos de tecidos. Foto: @fab.brick

Os tijolos feitos com roupas não podem ser usados na construção de paredes ou partes estruturais. Porém, estão sendo muito bem aproveitados para decoração.

Assim, os profissionais utilizam para construção de compartimentos e divisórias internas. Também em bancos, mesas e luminárias.

Hoje, a empresa de Merlet já produziu mais de 40.000 peças de tijolos, o que representa 12 toneladas de têxteis reciclados.

Mas, essa aplicação ainda pode crescer muito. Isso porque Clarisse e sua equipe continuam trabalhando para desenvolver tijolos feitos com tecido que possam também ser usados em partes estruturais da construção civil.

 

Foto de Alex Pandini

Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.