Tiny house: você moraria em uma mini casa?
Tiny house… já ouviu falar? Uma casa pequena e compacta. Geralmente com menos de 40m² de área útil. Nesse mesmo contexto, existem os tiny business. De antemão, vale destacar que essas casas sobre rodas são construídos para maximizar o espaço e também custos. A cobrança de IPTU, por exemplo, não vai mais existir, considerando que a casa não se trata mais de um imóvel.
Geralmente, os profissionais utilizam materiais sustentáveis e soluções criativas de design. Fazem os imóveis de maneira artesanal, em Steel Frame ou Wood Frame. Assim, recriam espaços de moradia e de negócios.
Mas, essa economia de espaço vai muito além de poder aquisitivo. O minimalismo está em alta, e não só na decoração de interiores. Viver de forma simples, garantindo um contato maior com a natureza, aproveitando melhor os recursos naturais é um estilo de vida. E esse movimento ganha mais e mais adepto a cada dia.
Afinal, “o mundo dos excessos está consumido nosso tempo, nossa vida, nosso dinheiro”. A frase, dita na abertura do documentário “O Estilo de Vida da Tiny House no Brasil – Uma Reflexão sobre Liberdade”, o projeto Pés Descalços, traduz a principal reflexão de quem busca se desapegar dos bens materiais que não sejam verdadeiramente essenciais.
Tiny House
O conceito Tiny House surgiu nos Estados Unidos, no ano de 1997, criado por Jay Shafer. Mas ganhou força mesmo em 2008, com a grande crise econômica que deixou muitos norte-americanos sem casa.
Nesse cenário, a solução foi construir pequenas moradias, de até 40 m², que não exigia o pagamento de impostos. Da mesma forma, não precisava nem mesmo da posse de um terreno.
Rapidamente outros países, como Canadá e Austrália, entenderam o movimento social e arquitetônico como alternativa de moradia mais barata. Bem como sustentável, o que chamava ainda mais a atenção. A proposta é viver uma vida simples, onde não há espaço para desperdício.
Tiny House no Brasil
No Brasil, o movimento teve início há sete anos. E surgiu de uma forma inusitada.
O casal Robson Lunardi e Isabel Albornoz adquiriu Síndrome de Burnout, por excesso de estresse no ambiente de trabalho. E decidiu passar quatro meses “em tratamento”.
Os dois adotaram uma alimentação saudável e passaram a praticar yoga. E foi nesse período que se encontraram com a filosofia minimalista e decidiram se desapegar da casa em que moravam com 167 m2.
Mas, não havia profissional no Brasil que dominasse a técnica de construção das tiny houses. Então os dois foram pros Estados Unidos aprender. E assim surgiu a Tiny House Brasil, em 2018.
“Já existem muitas casas pequenas no Brasil com até 40m2. No entanto, homologadas como tiny house, sobre rodas, são em torno de 10 unidades”, conta a arquiteta Anne Caroline Sousa, da empresa Tiny House Brasil.
O que cabe lá?
Para quem não conhece o funcionamento de uma tiny house, provavelmente a primeira pergunta é: como ter tudo o que preciso em um espaço tão pequeno? Quem visita a tiny house Araraúna, do Robson e da Isabel, se surpreende.
A estrutura tem 29m² de área construída. Mede 8m de comprimento, por 2,60m de largura e 4,40m de altura desde o chão.
”E se eu te disser que nesse espaço você tem um banheiro de tamanho normal, com uma banheira e com uma máquina lava e seca roupas. Na cozinha, uma geladeira de tamanho normal, com um fogão de 4 bocas e forno e bancada de 3m. Bem como um sofá em L, que permite receber duas pessoas para dormir. E você terá ainda dois lofts: um para o casal e outro para as crianças. Você iria acreditar que cabe tudo isso numa casa de 29 m2? Os espaços são muito inteligentes.”, enumera a arquiteta.
Ela pesa 7,3 toneladas e tem 9 janelas. “Aliás, 9 aberturas, porque são bem maiores que as janelas determinadas pela legislação, se fôssemos comparar o que o plano diretor diz pra uma casa fixa que devem medir muitas vezes no mínimo 2×1 metros. Afinal, a ideia é ter uma conexão maior com o exterior. E ainda com a vantagem de que um dia sua vista pode ser a praia e no outro, a montanha”, complementa Anne.
Custos
O custo da estrutura pode variar muito. Tudo vai depender, primeiramente, do tamanho. Mas, principalmente, do tipo de acabamento que você decidir utilizar. “Caro? Não. Caro é quando você paga por algo que não te entrega o prometido. Você pode ter um delas a partir de R$ 50 mil. E com 150 mil, você tem uma estrutura muito melhor do que teria numa casa tradicional, gastando esse valor”, aponta Robson.
Embora, via de regra, a opção seja por materiais mais sustentáveis, até mesmo com reaproveitamento de algumas peças, há quem opte por materiais de primeira linha. “Nada impede que os proprietários decidam utilizar acabamentos e equipamentos de última geração em suas moradias. Assim, você poderá ter uma tiny house de até R$ 1 milhão”, afirma a arquiteta.
E ela melhora a explicação. O minimalismo combate o desperdício, mas não é contrário a coisas de alta qualidade
“Por exemplo, você pode ter a necessidade de um único computador. Mas dependendo das tarefas que tenha de realizar no seu dia a dia, o preço desse computador pode variar de 2 mil a 12 mil reais. Da mesma forma, os acabamentos da casa”.
Investimento
A toca turquesa é outra tiny house produzida aqui no Brasil. Ela também tem 29m2, mas pesa 6,7 toneladas. Nela, o casal Gustavo e Gabi viveu por dois anos. Mas agora, eles local a estrutura para quem quer viver essa experiência.
“O propósito de você morar numa tiny house é poder aproveitar a área de fora. No deck a gente almoça, faz lanche, churrasco, faz de tudo. Mas com um contato muito maior com a natureza. Por isso o deck é tão importante, para gente socializar na parte externa”, conta Gustavo em sua página do Instagram.