Urbanismo Tático: uma abordagem inovadora para transformar as cidades
Você sabe o que é urbanismo tático? Trata-se de uma estratégia que utiliza intervenções temporárias e de baixo custo para testar novas ideias e soluções para os problemas urbanos, antes de implementá-las de forma definitiva.
Essas intervenções podem incluir a criação de espaços públicos temporários, como praças e parques, a instalação de ciclovias e faixas exclusivas para pedestres, a pintura de faixas de pedestres e a colocação de bancos e mesas nas ruas.
Pinturas, grafites, artes de rua em muros, painéis ou no asfalto também podem ser classificadas como intervenções de urbanismo tático, porque demonstram o quanto aquele espaço poderia ser melhor, mais bonito e acolhedor. Expressões artísticas tanto podem ser decorativas, quanto funcionarem como sinalização daquele local, por exemplo. O objetivo é criar um ambiente mais seguro, agradável e acessível aos moradores e visitantes da cidade.
Exemplo bem-sucedido
Nova York, nos Estados Unidos, é uma das referências de implementação bem-sucedida de um projeto de urbanismo tático. A cidade transformou a área da Times Square, aumentando o espaço dedicado aos pedestres.
O projeto teve início em 2009, com a instalação de cadeiras de praia durante três dias, formando uma praça efêmera. No ano seguinte, a praça foi remodelada com tintas e materiais temporários, e durante dois anos, até 2012, foram avaliados os impactos e realizados os ajustes para o projeto final, implementado em 2014.
Elementos cruciais para o sucesso do projeto foram o trabalho em conjunto com a comunidade, a formação de parcerias e inclusão de diferentes atores, a estratégia de comunicação e a avaliação dos impactos da mudança (tráfego, acidentes, novos negócios).
Vitória
Um mural de 70 metros de altura, pintado no edifício Humberto Gobbi, localizado na avenida Jerônimo Monteiro, mudou toda a cena na capital capixaba. O painel, finalizado na última semana de 2022, é a maior obra artística do estado e tem ampla possibilidade de visualização, a partir de pontos de vista de curta, média e longa distâncias.
Na pintura, símbolos importantes do Espírito Santo, como um beija-flor, uma baleia jubarte, o Convento da Penha, a Pedra Azul e a moqueca capixaba, entre outros elementos.
Vila Velha
Vila Velha tem alguns bons exemplos de urbanismo tático. No Centro, a Rua 24 Horas, já é uma realidade há mais de uma década. E agora, mais recente, a Alameda do Amor, inaugurada em Itapuã no ano passado.
Os gêmeos Jayme e Thiago, acostumados a receberem turistas de outros estados e mesmo do exterior, destacam o quanto espaços diferenciados chamam a atenção na cidade. “A Alameda do Amor é um símbolo muito forte para nós. Meu irmão e eu sempre passamos por ela, com calma e paciência, olhando cada detalhe. Isso nos renova, energiza para continuar contribuindo com a cidade. Se saímos para treinar, passamos por ela. Se voltamos do treino, passamos por
ela. Quando estamos no dia a dia do trabalho, damos um jeitinho de passar por ela. Isso porque se tornou um símbolo de pertencimento que agora nós, canelas-verdes, voltamos a ter por Vila Velha. Sem contar que é a arte da nossa cidade, dos artistas daqui, que também contam essa história nova.”, aponta Jayme.
“Você pode passar aqui todos os dias e, dificilmente, não encontrará pessoas fazendo fotos, casais de namorados se divertindo com o nome e a estrutura da via. É um orgulho ter um recanto como esse em meio à cidade”, complementa Thiago.
Convento em foco
Momento especial para cidade, a Festa da Penha este ano reuniu artistas e alunos de escolas para painéis na região da Prainha e pela subida do Convento.
Um desses painéis, foi pintado pelos artistas Cláudio Tripa e Rodolfo Valdetaro, convidados pelo Coletivo Criativo da Prainha, por meio da Prefeitura de Vila Velha e Convento da Penha .
“Estou muito feliz, é a realização de um sonho que se estendia por quase uma década. As pessoas sabem que minha marca é pintar o Convento da Penha, principal cartão-postal de nossa cidade, o monumento histórico mais visitado no Espírito Santo. Então essa oportunidade está sendo muito especial”, comemora Cláudio.
O artista tem uma história marcante quando o assunto é urbanismo tático. Há oito anos, Tripa teve a ideia de deixar mais bonitas as ruas do bairro aonde mora
e do entorno.
Assim, iniciou o processo de pinturas nas caixas de telefonia. Mas a aceitação foi tamanha, que ele acabou registrando sua arte por quase toda a Grande Vitória.
Hoje basta uma volta na Praia da Costa, Itapuã, Centro de Vila Velha e também de Vitória, além de Camburi, e Campo Grande, por exemplo, para logo identificar dezenas de locais que se tornaram mais belos com a arte de Cláudio. “De todas os locais que pintei, somente na Praia do Canto, as caixas continuam intactas, preservadas”, aponta o artista.
Benefícios
Além de melhorar a qualidade de vida das pessoas, o urbanismo tático também pode trazer benefícios econômicos e sociais para as cidades. Ao criar espaços públicos mais atraentes e acessíveis, é possível atrair mais turistas e investimentos para a região, além de promover a integração social e a convivência entre os moradores. Ou seja, ela promove a reapropriação do espaço urbano por seus principais usuários: as pessoas.
Para implementar o urbanismo tático de forma eficaz, é importante contar com o apoio da comunidade local e dos órgãos públicos responsáveis pela gestão urbana. É preciso também realizar estudos e análises para avaliar os impactos das intervenções temporárias e definir as melhores soluções para os problemas urbanos.
Em resumo, o urbanismo tático é uma abordagem inovadora e eficaz para transformar as cidades, que pode trazer benefícios significativos para a qualidade de vida das pessoas e para o desenvolvimento econômico e social das regiões. Ao adotar essa estratégia, as cidades podem se tornar mais agradáveis, seguras e acessíveis para todos.
Por: Leticia Vieira e Luciene Araujo