Fundão eleitoral é consequência, não a causa do problema
Nos últimos dias, alguns caminhoneiros ameaçaram novo movimento grevista, à exemplo do que ocorreu em maio de 2018, quando por uma semana e meia a logística rodoviária do país foi quase que completamente paralisada. Há grupos que iniciaram neste domingo (25), inclusive, atos contra sucessivos aumentos no preço do óleo diesel no país e pedindo a garantia da cobrança da tabela do frete.
Qual o risco desse movimento prosperar e o que ficar atento para compreender os riscos?
Não é de hoje que o receio de um novo movimento grevista de caminhoneiros tira o sono de muitos agentes do mercado. Nos últimos seis meses, houve quatro tentativas mal sucedidas de greves por parte de diversas associações e grupos de caminhoneiros.
Em maio o governo Bolsonaro anunciou por meio de Medida Provisória a redução de PIS e Cofins para o diesel, havendo o aumento da CSLL para instituições financeiras para cobrir o rombo. Além disso, foi anunciado o programa Gigantes do Asfalto, com medidas com a finalidade de dar melhores condições de trabalho aos caminhoneiros, com, por exemplo, contribuir para o equilíbrio da remuneração no âmbito da estrutura logística rodoviária, além de reduzir burocracia, otimizar e informatizar processos.
O governo ainda editou a Medida Provisória 1051, que busca unificar todos os documentos de caminhoneiros que transportam cargas.
A ameaça de greve dos caminhoneiros naturalmente gera notícias, manchetes e estresses para tomadores de decisão. Contudo, a princípio, as entidades que declararam nova paralisação são as mesmas que tentaram sem sucesso em meses anteriores.
A principal delas, a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), que presidida por Wallace Landim, o Chorão, declarou que não participará. Já o Ministério da Infraestrutura avalia que não há risco de uma nova greve dos caminheiros, afirmando que a categoria já ameaçou parar outras 13 vezes, todas sem sucesso.
A liderança que convocou os atos é o presidente do CNTRC, Plínio Dias. Apesar de defender que haverá paralisação em 15 estados, a entidade parece pouco representativa. Dias teve menos de 100 votos nas eleições de 2020, e a categoria tem menos de 200 seguidores em sua página institucional no Instagram.
São algumas evidências que levam a crer que, ao menos por enquanto, se houver paralisações dos caminhoneiros, devem ser pontuais, distante da paralisação que vimos há três anos.
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