Retomada econômica: Brasil cria 8,5 mil empregos por dia
Após a eliminação da seleção feminina nas Olimpíadas, houve as naturais cobranças por parte de maior apoio à modalidade. Desde antes do início dos jogos, tal como em temporadas anteriores, muito já se falava a respeito de dos salários da categoria.
Entre elas, as naturais comparações entre a estrela Marta com o craque Neymar, em que a jogadora ganha menos de 1% do salário do astro do PSG. Porém, não tamanha diferença não é questão de gênero.
Não é correto comparar os rendimentos de Neymar com Marta, ou de outros jogadores do futebol masculino com o feminino.
Este texto não busca denegrir quem deseja maior igualdade salarial entre homens e mulheres. Há, inclusive, políticas públicas possíveis que, caso implementadas, poderiam contribuir para essa questão, como o compartilhamento da licença-maternidade entre pai e mãe. O ponto aqui é: fazer comparações entre Marta e Neymar é comparar alhos com bugalhos porque se trata de esportes com níveis de desenvolvimento diferentes.
Como já abordado em coluna anterior, um jogador intermediário hoje recebe rendimentos superiores ao de Pelé em seu auge, cujo salário representava 2 milhões de cruzeiros por mês, algo cerca de R$ 80 mil atualmente. Isso porque a modalidade nos tempos de Pelé ainda estava em um nível de desenvolvimento relativamente baixo em comparação aos tempos atuais.
Com a maior presença de patrocinadores, direitos de transmissão e de imagem, os clubes progrediram como empresas que expandem determinados segmentos. No passado, um jogo de Pelé raramente era acompanhado por mais de 30 mil pessoas na Vila Belmiro. Hoje, há determinadas partidas de estrelas como Cristiano Ronaldo com audiências globais que superam 100 milhões de pessoas. Naturalmente, os salários, premiações e ganhos de imagem são muito superiores.
Assim, o futebol feminino ainda está aquém do nível de desenvolvimento esportivo do masculino, como se estivesse algumas décadas em descompasso. Na medida em que houver essa evolução, o que vem ocorrendo de forma relativamente acelerada na última década, essa desigualdade deve diminuir.
Assim, não é questão de gênero, e sim de nível de desenvolvimento da modalidade esportiva.
Miraildes Maciel Mota, mais conhecida como Formiga, é uma estrela do futebol brasileiro. Aos 43 anos, disputou sua última olimpíada, e deve se aposentar da seleção. Quando nasceu, em 1978, era proibido mulheres jogarem futebol, herança da ditadura varguista.
Naturalmente, enquanto o futebol masculino se desenvolvia temporada após temporada, o feminino nem sequer poderia iniciar a profissionalização.
Assim, até recentemente, o Brasil nunca foi o país que fomentava o futebol para mulheres. Iniciativas como a organização de um grande Campeonato Brasileiro, com os clubes apostando nas categorias de base e desenvolvendo atletas para a seleção ainda são proeminentes.
Até a Olimpíada de 2016, nem sequer havia competição de alto nível, não havia clubes em larga escala para que as jogadoras atuassem. Isso começou a mudar, e deve levar um tempo para o mercado se desenvolver.
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