Pesquisa mostra o que os deputados federais pensam sobre temas econômicos
É comum políticos criarem narrativas críticas à figuras abstratas e/ou difusas, pois estas “não respondem” por definição ou por não haver um representante destas. Desde a vitória das eleições de 2022, o presidente Lula (PT) e a deputada federal que preside seu partido Gleisi Hoffmann notabilizaram críticas ao tal “mercado” para reforçar a linha de atuação política e econômica do novo governo.
Vale ressaltar que o mercado vai muito além do que no jargão popular é conhecido como “Faria Lima”, o centro financeiro do país, podendo ser definido como todo processo de interação humana de troca voluntária de bens e serviços entre os agentes econômicos.
Nesse sentido, a Genial e a Quaest divulgaram nesta quarta-feira (15) o maior levantamento sobre ‘O que pensa o mercado financeiro?’. A amostra foi baseada em 82 executivos dos maiores fundos de investimentos do país, trazendo algumas percepções sobre as primeiras sinalizações do Governo Lula.
Política econômica do Governo Lula
Para 98% dos executivos ouvidos, a política econômica do país está indo na direção errada.
Essa percepção pode se dar pelos dois números abaixo:
Política fiscal do Governo Lula
Para 90%, a política fiscal sinalizada pelo governo não vai gerar sustentabilidade da dívida pública. Além disso, na avaliação da maioria dos agentes do mercado (49%), o superávit primário necessário para a sustentabilidade da dívida deveria ser entre R$ 150 bilhões e R$ 200 bilhões.
Vale recordar que o melhor resultado fiscal desde 2013 ocorreu no governo Bolsonaro, com superávit de R$ 54 bilhões. Os dois primeiros mandatos de Lula apresentaram resultados fiscais, na média, pouco acima de R$ 50 bilhões, mas a partir do terceiro ano do Governo de Dilma Rousseff passou-se a haver déficits.
Preocupação com a Inflação
Outro elemento para o ceticismo do mercado se dá em relação à inflação. Para os executivos ouvidos pela pesquisa, 68% acreditam que o governo não está preocupado com o devido controle da inflação.
57% acreditam que a chance do governo alterar as metas de inflação nos próximos 6 meses é alta, e 31% apontam como regular.
Manutenção dos juros pela Selic
95% do mercado aprova a manutenção da taxa Selic em 13,75%. A última decisão do Copom ocorreu em 1 de fevereiro de 2023.
As próximas ocorrerão em 21 e 22 de março e em 2 e 3 de maio, onde o presidente Lula e aliados do governo pressionam para haver uma diminuição dos juros como medida de estímulo ao crescimento econômico.
Confiança e desconfiança nos principais políticos
Enquanto os executivos do mercado financeiro colocam o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto como a liderança política com maior taxa de aprovação e confiança (68%), Gleisi Hoffman, o presidente do BNDES Aloizio Mercadante e Lula são os políticos com maior reprovação (98%, 98% e 94%).
O presidente do Senado Rodrigo Pacheco possui 31% de regular e 69% de reprovação, enquanto o presidente da Câmara Arthur Lira tem 6% de aprovação, 46% de regular e 49% de reprovação.
Fernando Haddad, Geraldo Alckmin e Simone Tebet possuem, respectivamente, 5, 6 e 4% de confiança, 38, 46 e 52% de regular e 66, 57 e 45 de desconfiança.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória