Reforma tributária deve ser votada nesta semana
Nos primeiros meses do governo Lula, uma das características mais marcantes tem sido a intensidade da sua agenda de política externa. O presidente tem dedicado um tempo significativo, viajando até novembro em cerca de 20 países, buscando, reposicionar o Brasil no cenário externo.
A quantidade de viagens tem sido monitorada pelo governo em pesquisas de opinião para consumo de estratégia interna. As sondagens mostraram que a maioria tem considerado os giros diplomáticos positivos para o Brasil, mas há uma parcela crescente de desgaste, com parte dos respondentes afirmando que o presidente tem se dedicado mais ao cenário externo do que ao doméstico, negligenciando problemas do país.
Data Business realizou entrevista exclusiva com Gabriel Brasil, analista político da Control Risks em Londres, para avaliar o desempenho de Lula na agenda internacional.
Gabriel Brasil destaca que a intensidade da agenda de política externa sugere “um esforço ativo do atual presidente para reverter o desgaste reputacional que o Brasil sofreu durante o governo anterior.” Ele pontua que Lula parece confortável em suas viagens e interações com líderes de outros países, obtendo algumas vitórias importantes, mas também enfrentando derrotas.
“Entre os pontos positivos, destacam-se a atuação do governo na frente ambiental e a estabilidade institucional. Temas essenciais para o Brasil têm melhorado nos últimos meses sob a gestão de Lula, o que contribui para a construção de uma imagem mais positiva do país no cenário internacional”, afirma.
No entanto, nem tudo são flores. “O presidente tem feito apostas controversas em sua aproximação com agendas que desafiam a dominância do Ocidente, como evidenciado pelo apoio à expansão dos BRICS, liderada pela China. Essa postura coloca o Brasil em um grupo de países que, segundo alguns analistas, demonstram “um notório desprezo por valores ocidentais fundamentais, como a democracia e o respeito aos direitos humanos”, explica o analista da Control Risks.
Para ele, um exemplo claro dessa abordagem é a posição do Brasil no contexto da guerra na Ucrânia. Ao se alinhar com os BRICS e apoiar a liderança chinesa, o governo brasileiro enfrenta críticas pela falta de alinhamento com os valores defendidos pelo Ocidente. Nesse sentido, a diplomacia brasileira precisa equilibrar a busca por parcerias estratégicas com a manutenção de compromissos fundamentais.
Presidência do G20
No próximo ano, o Brasil presidirá o G20, o que Gabriel Brasil analisa como “uma chance oportuna para o Brasil recuperar sua capacidade de interlocução em temas globais importantes, como a agenda climática.
“A principal oportunidade tem a ver com a atração de investimentos para a transição energética, considerando a melhora do ambiente econômico e o potencial do Brasil nesta área”, afirma.
O analista sediado em Londres, porém, traz um alerta: “O Brasil corre o risco de, dado o apetite de Lula de se envolver em temas às vezes estranhos à vocação do país – como a tentativa pouco legítima de mediação de conflitos em outros continentes – acabar perdendo o foco e a priorização das agendas de maior potencial para o país.
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