Dez 2023
19
Luan Sperandio
DATA BUSINESS

porLuan Sperandio

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Luan Sperandio
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porLuan Sperandio

O que os números mostram sobre as eleições na América Latina?

Um estudo conduzido por Will Freeman, especialista em América Latina do Council on Foreign Relations, revela que, em 25 das 34 eleições ocorridas desde 2015, a oposição emergiu vitoriosa. Isso indica uma tendência mais consistente de mudança no poder em direção aos partidos oposicionistas, independentemente de sua orientação ideológica. Países como Guatemala, Argentina, Peru, República Dominicana, Chile, Brasil, México, Colômbia, El Salvador, Panamá, Uruguai, Bolívia e Honduras viram a alternância de poder entre os principais grupos políticos, sem uma tendência clara ideologicamente, indicando que a população busca frequentemente uma mudança no status quo, independentemente do espectro político.

O incumbente venceu somente na Costa Rica, Paraguai, Equador, Nicarágua e Venezuela. Todavia, nos últimos dois países, as eleições não são livres, justas, com os regimes não sendo considerados democráticos. Se retirados da análise, as vitórias dos incumbentes se tornam ainda mais escassas desde 2015.

Para além disso, nos últimos anos, observou-se uma preferência não somente por candidatos que estavam na oposição, mas “antisistema”, aqueles que prometem rupturas radicais com as práticas políticas estabelecidas. Os exemplos incluem Pedro Castillo, no Peru; Gabriel Boric, no Chile; Jair Bolsonaro, no Brasil; Andrés Manuel López Obrador, no México; e, mais recentemente, Javier Milei, na Argentina.

Há, portanto, um padrão cíclico de descontentamento. Na Argentina, por exemplo, Mauricio Macri, representando a oposição, venceu as eleições, mas na campanha de reeleição foi derrotado por Alberto Fernández. O incumbente perdeu novamente, com a vitória de Milei sobre Sérgio Massa, que integrava o governo de Fernández e tinha seu apoio.

Esse padrão sugere que, diante de desafios como corrupção, crise econômica e desemprego, a população busca alternativas que se apresentam vendendo grandes promessas e esperanças, mas rapidamente se desilude se as promessas não forem cumpridas. O fenômeno parece ser mais uma expressão da busca por mudanças constantes e por candidatos que prometem romper com as estruturas estabelecidas.

Essa compreensão precisa dessas dinâmicas é crucial para evitar generalizações simplistas que mascaram a complexidade do cenário político na região. Caso os governos de Noboa e de Milei não correspondam à expectativa, não é de se imaginar que a oposição de esquerda a eles cresça. E o mesmo pode ocorrer com a direita no Brasil.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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