Protagonistas da política brasileira precisam praticar a autocontenção
A situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve novos contornos após operação da Polícia Federal que investiga suposta organização criminosa responsável por tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022.
Como resposta estratégica, ele convocou apoiadores para um ato “em defesa do Estado democrático de direito” em 25 de fevereiro na Avenida Paulista, em São Paulo. Segundo ele, a manifestação será para se defender de “todas as acusações” que têm sofrido nos últimos meses. Mas o que esperar dessa movimentação e o que dizem as pesquisas?
Desde que deixou a presidência, Bolsonaro tem acumulado uma série de desgastes e derrotas, porém uma série de levantamentos aponta que o ex-presidente preserva bastante capital político ainda.
Segundo pesquisa da Atlas Intel, divulgada na semana passada, 42% enxergam perseguição jurídica contra o ex-presidente, contra 41% que discordam. Também segundo o instituto, 63% dos brasileiros acreditam que há abusos por parte do Judiciário no Brasil Já de acordo com o Paraná Pesquisas, quase metade dos brasileiros (48,4%) discordar da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por 8 anos, contra 44,7% que são favoráveis.
Há ainda a decisão do ministro Alexandre de Moraes que proíbe Bolsonaro de falar, entre outras pessoas, com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também investigado na referida ação. Caso a restrição se mantenha, é possível que haja problemas para a estratégia do partido de alcançar até mil prefeituras nas eleições municipais de outubro. Afinal, a proibição de comunicação pode atrapalhar no aval em negociações para candidaturas municipais.
Vale lembrar que as eleições municipais são essenciais pensando para 2026, pois os prefeitos são os principais cabos eleitorais para candidatos a deputados estaduais, governadores e deputados federais. A representação na Câmara possui o maior peso na definição de distribuição de verbas para o Fundo Eleitoral e Partidário. Nesse sentido, 2024 é fundamental na estratégia do PL de consolidação no cenário regional e nacional.
A tática de Bolsonaro na convocação de atos busca evidenciar sua capacidade de mobilização e manter a base de apoiadores unida. Contudo, há também riscos nessa estratégia. Em casos anteriores, a baixa participação nos atos convocados contribuíram para acelerar a erosão política e a derrocada deles na presidência da República. Foi o caso, por exemplo, de Fernando Collor em 1992 e em manifestações pró-Dilma em 2015.
Outro risco se deve em relação ao próprio STF. A despeito de Bolsonaro ter pedido para apoiadores não levarem cartazes e faixas “contra quem quer que seja”, outro risco possível é as manifestações assumirem um caráter anti-STF, o que pode ocasionar uma resposta da corte. A confirmar no próximo dia 25.
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