Dia do Trabalhador: Reforma de 2017 precisa ser aprofundada
A decisão dividida do Banco Central do Brasil (BC) sobre a política de cortes na taxa Selic na semana passada gerou incerteza no cenário econômico e despertou diversas interpretações políticas.
As divergências internas foram amplamente expostas após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em que todos os diretores indicados pelo presidente Lula defenderam um corte mais agressivo na taxa de juros, enquanto os diretores indicados por gestões anteriores foram unânimes em reduzir a Selic em 0,25%. Entenda o que ocorreu e o que está em jogo na política monetária.
A expectativa majoritária do mercado financeiro era de uma queda de 0,25%, alterando o guidance anterior, isto é, a orientação que o próprio Copom havia dado em reuniões anteriores de que a queda na taxa Selic seria de 0,5%. Contudo, a falta de consenso e a forma como as opiniões divergentes foram expostas alimentaram a percepção de interferência política na autonomia do BC.
A divisão também destaca a dificuldade em equilibrar os objetivos de controle da inflação com o estímulo ao crescimento econômico. Enquanto uma parte do Copom advoga por uma abordagem cautelosa para evitar uma inflação descontrolada, outra ala acredita que o cenário atual de desaceleração inflacionária permite cortes mais significativos nos juros para acelerar a recuperação econômica.
Os diretores do Banco Central que votaram a favor do corte mais agressivo de 0,50 ponto percentual foram, justamente, os indicados pelo presidente Lula. Esses diretores são:
Já os diretores que votaram a favor do corte de 0,25 ponto percentual foram os seguintes:
O presidente Roberto Campos Neto já vinha sinalizando que a maior pressão por gastos atrapalharia o ciclo de queda da taxa Selic. Entre os fatores estão o aumento das incertezas do cenário mundial, a alteração da meta fiscal que adiou para 2025 um maior ajuste nas contas públicas, além do cenário de enchentes no Rio Grande do Sul (que demandará medidas de auxílio para a reconstrução do Estado).
Após a decisão, os juros futuros subiram até 40 pontos base nos contratos com vencimentos acima de dois anos, indicando uma piora no custo de capital. Isto é, se financiar no Brasil ficou mais caro.
A piora no sentimento do mercado fez aumentar sob os investidores o ceticismo de continuidade do ciclo de cortes da Selic. A precificação para a taxa básica de juros cair em junho já é inferior a de 50% de chances.
Com as incertezas fiscais e monetárias, o Ibovespa registrou a segunda semana consecutiva de queda e encerrou o período em baixa de 0,71%, aos 127,6 mil pontos. As ações que registraram as piores performances foram Braskem (-17,31%) e IRB (-12,81%), empresas que são mais endividadas.
A próxima reunião do Copom ocorrerá nos dias 18 e 19 de junho. Vale lembrar que, ao final deste ano, termina o mandato de Campos Neto, e Lula indicará um novo presidente para comandar o BCB nos próximos quatro anos, passando a ter a maioria dos diretores indicados e que compõem a instituição monetária.
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