Banco Central está dividido politicamente. Entenda os riscos
Os preços da gasolina comercializada pela Petrobras estão 20,92% defasados em relação à cotação internacional. E o momento político para ajustar essa defasagem não é dos melhores.
São 212 dias sem reajuste, com o último aumento ocorrido em 21 de outubro de 2023, de acordo com dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Essa defasagem é um reflexo direto das políticas adotadas pela empresa de capital misto desde que houve mudanças no Conselho de Administração sob indicações do governo Lula. Entenda melhor os rumos da companhia.
Na semana passada, o presidente Lula (PT) demitiu Jean Paul Prates da presidência da Petrobras e indicou Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), para assumir o cargo. Prates estava no comando da estatal desde o início do governo Lula, em 2023, mas já vinha enfrentando insatisfações por parte do presidente desde então.
O primeiro atrito entre Lula e Prates surgiu em 2023, quando houve uma discussão sobre a distribuição de lucros da empresa. Durante esse período, o nome de Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), chegou a ser cogitado para assumir a Petrobras. Em março de 2024, ao divulgar um lucro de R$ 124,6 bilhões em 2023, a Petrobras informou que o conselho de administração aprovou a distribuição de R$ 14,2 bilhões em dividendos, intensificando as tensões internas.
Em meio às pressões, houve mudança na política de preços da companhia, resultando na defasagem nos preços da gasolina em mais de 20% e de 7,85% no diesel, cujo último reajuste ocorreu ao final de dezembro de 2023.
Além dos conflitos com Lula, Prates também acumulou disputas com o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Silveira criticou a falta de investimento da Petrobras na produção de gás natural, acusando a estatal de negligência nessa área. Lula, por sua vez, discordava da política de investimentos em estaleiros defendida por Prates.
Instabilidades na Petrobras
Com a saída de Prates, as ações da empresa caíram mais de 10%, resultando em uma perda de valor de mercado de R$ 55 bilhões, o que fez com que a companhia saísse do ranking das 10 maiores petroleiras do mundo.
A constante troca de presidentes na Petrobras reflete a complexa dinâmica presente em uma empresa de capital misto com grande importância econômica. Nos últimos oito anos, a estatal teve oito presidentes, evidenciando uma média histórica de mandato de curta duração, aproximadamente 18 meses.
Essa instabilidade na liderança e a defasagem nos preços da gasolina são desafios significativos para a Petrobras, que precisa alinhar suas políticas internas e externas para garantir uma gestão eficiente e transparente, atendendo tanto aos interesses econômicos quanto às expectativas do governo e da sociedade.
Em comunicado aos investidores, a Petrobras informou que o Ministério de Minas e Energia indicou Magda Chambriard para os cargos de presidente da companhia e membro do Conselho de Administração. A indicação de Chambriard será submetida aos procedimentos internos de governança da Petrobras, incluindo análises de conformidade e integridade, com avaliação pelo Comitê de Pessoas e pelo Conselho de Administração.
Conforme o estatuto da Petrobras, para ser presidente da estatal, é necessário ser conselheiro, o que implica que Magda só poderá assumir a presidência após a aprovação do Conselho.
Mesmo que a indicação de Chambriard seja aprovada rapidamente, o processo burocrático exige um prazo mínimo. A convocação de uma assembleia deve aguardar um período de 30 dias, o que significa que a efetivação de Magda no cargo de presidente da Petrobras pode levar entre um a dois meses.
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