O que revelou a pesquisa da Futura Inteligência

1. Situação econômica geral

O levantamento da Futura Inteligência indicou crescimento da insatisfação da população com a situação econômica do país. O percentual de pessoas que considera a economia como “Ótima/Bom” caiu para 15,1%, em comparação aos 17,6% registrados em fevereiro de 2024. Simultaneamente, a avaliação “Ruim/Péssimo” manteve-se alta, oscilando de 43,5% para 44,2%, e a avaliação “Regular” subiu ligeiramente de 37,6% para 39,6%.

A insatisfação reflete a percepção de que a economia, apesar de alguns indicadores positivos, não está atendendo às expectativas da população.

No primeiro trimestre de 2024, a economia brasileira avançou 0,8% no primeiro trimestre de 2024, e um crescimento de 2,5% em um período de 12 meses. O resultado ficou em linha com a expectativa de acordo com pesquisa da Reuters, e foi impulsionado a partir do consumo das famílias com o mercado de trabalho aquecido, aumento da renda e inflação sob controle. De acordo com o Boletim Focus, a projeção de crescimento da economia em 2024 é de 2,11%.

2. Geração de empregos

A geração de empregos, um dos pilares de qualquer governo, também apresenta sinais de desgaste na avaliação pública. Em junho de 2024, 30,9% dos entrevistados consideraram a atuação do governo Lula na geração de empregos como “Ótima/Bom”, uma queda significativa em relação aos 34,6% de fevereiro. Por outro lado, a avaliação “Ruim/Péssimo” aumentou de 35,9% para 42,8%, enquanto a avaliação “Regular” teve uma leve queda de 27,2% para 24,9%​.

A taxa de desemprego do país no primeiro trimestre de 2024 foi de 7,9%, uma queda de 0,9 ponto percentual na comparação com o mesmo trimestre de 2023 (8,8%), e o melhor resultado para o período desde 2014.

3. Combate à inflação

Em relação ao combate à inflação, a insatisfação também aumentou. A porcentagem de pessoas que avaliam positivamente a atuação do governo nessa área caiu de 27,2% em fevereiro para 23,7% em junho. A avaliação “Ruim/Péssimo” subiu de 45,7% para 49,1%, enquanto a avaliação “Regular” permaneceu estável em 25,8%​.

A inflação é uma das questões particularmente mais sensíveis na avaliação de um governo, pois afeta diretamente o poder de compra da população. A percepção de que o governo Lula não está conseguindo controlar a alta de preços pode exacerbar a insatisfação geral e aumentar a pressão sobre a administração atual.

O IPCA acumulado nos últimos 12 meses é de 4,23%, mas a alta do dólar pode impactar o resultado nos próximos meses. O presidente Lula tem feito seguidas críticas a Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Em agosto é possível que seja indicado seu sucessor.

Considerações finais

Os resultados da pesquisa da Futura Inteligência deixam claro que a percepção da economia para a população é um ponto crítico para o governo Lula.

A diferença entre os indicadores econômicos oficiais e a percepção pública sugere uma desconexão que pode ser atribuída a diferentes fatores. Os principais são um governo que comunica mal as próprias ações, uma atuação muito mais efetiva da oposição, além de um medo da população sobre as expectativas futuras do país.

Entre tomadas de decisão que repercutiram mal entre a população, a ênfase do governo Lula em um ajuste fiscal baseado somente no aumento de receitas e em novas taxações, é um dos pontos mais sensíveis.