Out 2024
18
Luan Sperandio
DATA BUSINESS

porLuan Sperandio

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As liçoes das eleições de 2024

1. O “continuísmo” nas prefeituras

A eleição de 2024 trouxe uma taxa de reeleição recorde para os prefeitos, com 81% dos prefeitos candidatos sendo reconduzidos ao cargo no primeiro turno, segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios. O recorde anterior foi em 2008, com 66%.

Esse fenômeno é diretamente associado à capacidade dos prefeitos de captar e aplicar recursos, especialmente em um cenário de aumento do volume de emendas parlamentares e melhora nas finanças municipais após maiores repasses a partir da pandemia da Covid-19. A continuidade de gestores municipais reflete um padrão em que a estabilidade econômica e capacidade de investimento influencia diretamente o sucesso eleitoral.

2. Centrão em ascensão

Partidos do Centrão, como PSD, MDB e União Brasil, consolidaram sua presença nas principais capitais brasileiras. O PSD foi o maior vencedor, conquistando três capitais, enquanto o MDB e o União Brasil ficaram com duas cada. O poder das emendas parlamentares e a crescente influência no controle de recursos municipais facilitaram esse crescimento, consolidando o Centrão como um bloco de força nas eleições locais.

3. PT cresce, mas ainda enfraquecido

O PT teve uma recuperação modesta em relação ao último ciclo eleitoral, conquistando 66 prefeituras a mais em relação a 2020, totalizando 248 prefeituras.

Contudo, o partido ainda enfrenta desafios importantes, sem conquistar nenhuma capital (um tabu que se mantém desde 2016). Além disso, a base petista ainda se manteve limitada, mesmo em redutos onde Lula (PT) venceu nas eleições presidenciais de 2022:

Na eleição passada, o presidente Lula (PT) venceu em 3.123 cidades brasileiras, mas o PT venceu apenas em 217 dentre elas.

Há bastante preocupação interna sobre como será o partido após Lula. Como o deputado Reginaldo Lopes (PT/MG), vice-líder do Governo Lula na Câmara, escreveu:

“A performance decepcionante do partido do presidente mais icônico da história do Brasil expõe nossa desconexão com a realidade. O mundo mudou e novas demandas surgiram. Precisamos nos reinventar para conectar com a juventude, trabalhadores urbanos e rurais, mulheres e empreendedores que movem a economia. Sem isso, estamos condenados ao fracasso. O legado do Lula é grande, mas a força do partido precisa de ajustes práticos. O momento de mudança é agora!”

4.  O enfraquecimento da “velha esquerda”

A esquerda tradicional brasileira, representada por partidos como PT, PDT e PCdoB, continua em declínio. A avaliação é de José Luiz Orrico, diretor da Futura Inteligência. “A soma das prefeituras conquistadas por esses partidos não chega a 10% do total de prefeituras no país, evidenciando uma clara mudança no eleitorado em direção ao centro e à centro-direita. Mesmo com esforços de reorganização, esses partidos enfrentam dificuldades em se adaptar às novas demandas do eleitorado”, afirma.

 

Mais lições das eleições de 2024

5. Zeladoria versus Ideologia

Apesar da polarização política entre lulismo e bolsonarismo, questões locais de gestão, como saúde, educação e segurança pública, foram as principais preocupações do eleitorado, exceto nas principais capitais. Afinal, eleições municipais refletem mais a capacidade dos gestores de atender às demandas imediatas da população do que o alinhamento ideológico. “No Rio de Janeiro havia muito potencial de nacionalização, mas esta foi contida porque o atual prefeito Eduardo Paes (PSD) é muito conhecido e bem avaliado. A polarização trouxe dividendos políticos ao candidato Alexandre Ramagem, o ajudando a ter mais de 35% dos votos válidos”, explica Orrico.

6. Pablo Marçal e a divisão da direita

A liderança emergente de Pablo Marçal no cenário político traz desafios à direita, particularmente ao bolsonarismo. “Marçal ganhou tração ao nacionalizar as eleições municipais em São Paulo”, afirma Orrico.

Expoente nas redes sociais, seu distanciamento de Jair Bolsonaro (PL) o coloca como uma possível nova força no campo conservador. Com 18% de intenção de voto para 2026, segundo pesquisa da Quaest, Marçal ameaça dividir o eleitorado bolsonarista. Em comparação, na mesma pesquisa, o governador de São Paulo Tarcisio de Freitas (Republicanos) marcou 15% no cenário de disputa com o presidente Lula, que possui 32% de intenção de votos.

7. Oligopolização de partidos

Com a cláusula de barreira tendo mais critérios a partir de 2027, o desempenho eleitoral tímido de alguns partidos deve forçar muitas agremiações a se fundir ou formar federações para garantir sua sobrevivência política. A necessidade de eleger ao menos 13 deputados federais ou obter 3% dos votos válidos em pelo menos nove estados deve consolidar ainda mais o número de partidos relevantes no cenário nacional.

Na semana passada, poucas horas após os resultados eleitorais, o PSDB, Solidariedade e PDT já discutiam a formação de ser uma federação, por exemplo.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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