Trajetória para o sucesso financeiro
Em 1876, Eufrásia começou a investir a herança que recebeu após o falecimento dos pais. A recomendação dada a ela foi que ficasse apenas no mercado de renda fixa, visto que a renda variável “exigia rapidez e controle emocional”, características consideradas inexistentes em mulheres pela sociedade de seu tempo.
Contudo, ela tomou suas decisões de forma independente. Em 1880, passou a operar na bolsa de Londres e em 1914, na de Nova Iorque. Há registros de ter feito negócios em 17 países e em nove moedas diferentes, após se tornar autodidata e aprender sobre câmbio.
No Brasil, foi acionista de grandes empresas, como a Companhia Antarctica Brasil, que hoje faz parte da Ambev (ABEV3), investiu também no setor ferroviário e bancário, entre os quais adquiriu papéis do Banco do Brasil (BBAS3) e do Banco Mercantil do Rio de Janeiro, por exemplo.
Ainda, se tornou investidora anjo de diversos empreendimentos na Europa nos segmentos extrativistas, de transportes, elétricos e petroleiros. Por fim, voluntariamente, envolveu-se na ressocialização de soldados da Primeira Guerra Mundial.
Legado
Eufrásia morreu em 1930, não teve filhos e não se casou, por uma razão coerente com sua jornada: caso optasse pelo matrimônio, seus bens deveriam ser administrados pelo marido, segundo a legislação da época. Porém, ela não estava disposta a aceitar essas condições.
O inventário de sua fortuna levou mais de 2 décadas para ser concluído, em função da diversidade e complexidade de suas aplicações. Concluído o processo, descobriu-se que ela possuía o equivalente a duas toneladas de ouro, ou seja, era praticamente uma bilionária.
Em 2019, foi reconhecida pela B3 e pela ONU Mulheres como a primeira mulher investidora do país. Hoje, mais de um milhão de mulheres investem na B3, a bolsa brasileira e, sem dúvidas, Eufrásia foi a precursora desse movimento.