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Finanças de A a Z

por Ana Porto

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Sorveteiro gasta R$ 71 mil de indenização em um mês

Essa é uma história que mostra como o dinheiro nem sempre é o problema, mas sim a falta de educação financeira. O dinheiro é como um plantio: se você não cultivar e preservar, ele acaba. Foi essa a lição que Luiz Fernando, sorveteiro que recebeu uma indenização, aprendeu após torrar todos os R$ 71 mil com farra.

É um problema claro de educação financeira, que é muito deficitária ainda no Brasil: as pessoas não sabem planejar suas finanças, não conseguem poupar e muito menos tem a mentalidade de investir. Isso precisa mudar.

O que aconteceu com o dinheiro

Sabe aqueles pontos de virada em que uma pessoa muda de vida? Foi essa a oportunidade que Luiz Fernando teve e não aproveitou. Casado, pai de uma bebê e sorveteiro, seu salário é de R$ 300 por mês, em média. E detalhe: ele mora em Baixo Guandu, no Espírito Santo, onde o custo de vida não é tão elevado quanto em outros lugares.

Ele recebeu uma indenização de R$ 71 mil como ressarcimento da Vale aos atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana (MG). Vale dizer, um valor que seria bastante relevante para mudar de vida, caso fosse investido ou utilizado de maneira mais inteligente.

Mas não foi isso que ele fez: adotou uma “vida de rei”, como ele mesmo diz, e não está arrependido, em suas próprias palavras. Também falou que “se o dinheiro acabar, acabou”. Assim, de uma hora para a outra, a vida de Luiz Fernando virou uma grande festa. Ele passou a fazer churrascos praticamente todos os dias, comprar comida e bebida e chamar amigos, além de mudar a cor do cabelo diversas vezes. Também fez algumas compras, como uma moto e um celular.

Com isso, aconteceu o que era mais provável: todo o dinheiro acabou em 31 dias! E ele ainda teve que vender algumas coisas, como a moto, o celular, caixas de som e um triciclo infantil.

A falta de educação financeira é um problema muito grave

Essa é apenas mais uma história que mostra como o dinheiro sozinho não acaba a pobreza. É preciso, antes de tudo, saber administrá-lo para fazer com que ele seja bem utilizado. Em grandes empresas, se não souberem controlar seus custos, as margens de lucro sempre são reduzidas, ou seja, a empresa passa a ganhar menos dinheiro, ou mesmo não ganhar o suficiente para se manter.

Quando o assunto são finanças pessoais, é a mesma coisa. Não se trata apenas do quanto você ganha, mas de quanto você gasta. Para que você consiga atingir seus objetivos financeiros, portanto, é necessário viver um degrau abaixo do patamar em que você “pode”. Isso porque se você gastar tudo o que ganha, sua situação não será sustentável no longo prazo.

No caso de Luiz Fernando, ele não precisava gastar todo o dinheiro recebido para “curtir a vida”. Para se ter uma ideia de quanto esse dinheiro poderia fazer diferença em sua vida no longo prazo, vamos fazer uma simulação.

Se seu objetivo fosse usufruir da sua renda passiva com 57 anos, antes da idade mínima para a aposentadoria de 65 anos, ele demoraria 25 anos, tendo em vista que hoje está com 32.

Além disso, vamos supor que ele escolhesse gastar R$ 20 mil dos R$ 71 mil recebidos para suprir suas maiores necessidades e “curtir a vida”. Se ele investisse os R$ 51 mil restantes, com juros de 9,6% ao ano após descontados eventuais impostos e/ou taxas, o que não é uma rentabilidade difícil de conseguir até mesmo na renda fixa, ele teria ao final dos 25 anos um total de R$ 509.269,59, mesmo sem fazer nenhum aporte mensal durante todo esse tempo.

Assim, os juros compostos sozinhos teriam o poder de multiplicar o valor inicial por 10 vezes! Com isso, aos 57 anos, ele teria uma renda passiva de mais de R$ 2.500 reais, bem acima do seu patamar de vida atual, e sem fazer absolutamente nada.

Mas em vez disso, ele preferiu levar uma “vida de rei” por um mês e viver o resto da vida dependendo da previdência do governo ou não tendo nem isso para recorrer.

Esse é o poder da educação financeira.

Essa coluna tem como único propósito fornecer informações e não constitui ou deve ser interpretada como uma oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro ou de participação em qualquer estratégia de negócio específica. Possui finalidade meramente informativa, não configurando análise de valores mobiliários nos termos da Instrução CVM Nº 598, e não tendo como objetivo a consultoria, oferta, solicitação de oferta e/ou recomendação para a compra ou venda de qualquer investimento e/ou produto específico.