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Finanças de A a Z

por Ana Porto

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Não invista em bitcoin como o Felipe Neto

O youtuber e um dos maiores influenciadores digitais do país, Felipe Neto, depois de falar que bolsa não gera riqueza, agora investe em criptomoedas. Recentemente, ele publicou em suas redes sociais que quem não investir em criptomoedas vai se arrepender.

Mas o que ele não contou é que estes ativos são extremamente voláteis, ou seja, têm uma grande variação e alto risco, e que existem limites para investir nesses ativos. Em um país em que há mais pessoas na poupança do que na bolsa, afirmações desse tipo são uma demonstração de irresponsabilidade sem igual e podem colocar em risco os investimentos de muitas pessoas.

Irresponsabilidade ou falta de noção?

Em uma conta com mais de 13 milhões de seguidores, o influenciador disse especificamente que:

“Minha opinião pessoal é a de que quem não está investindo em cripto hoje vai se arrepender monstruosamente num futuro muito próximo.

Assim como muita gente já se arrepende de não ter começado a investir em 2017-2018.”

Afirmações como essa são muito perigosas no contexto em que vivemos: um país com completa falta de educação financeira. Esse tipo de declaração sensacionalista pode incentivar pessoas a investirem em algo desconhecido, confiando na personalidade que fez a declaração.

E, vale dizer, uma personalidade com nenhum tipo de formação relacionada ao mercado financeiro, como certificações necessárias, entre outros. Isso vai na linha da quantidade de informações que circulam hoje na internet, mas que podem ser enganosas.

Para dar uma noção disso, a maioria (71%) dos investidores não veem as criptomoedas sob essa ótica, mas sim em uma perspectiva especulativa. É o que apontou o estudo O Perfil do Investidor de Criptomoedas no Brasil. Ou seja, as pessoas querem apenas ganhar com a valorização destes ativos.

E a variação é muito alta. O bitcoin, primeira criptomoeda e a mais conhecida, mais do que duplicou de valor nos primeiros quatro meses deste ano. E depois caiu mais de 50% nos três meses seguintes. No último mês a moeda digital voltou a subir, mas é bastante imprevisível qual será o movimento futuro. Não há nenhuma empresa sólida por trás nem nada do tipo para ser avaliado. A ideia é que seja um meio futuro de pagamentos digitais, mas há muitos riscos embutidos em um movimento de mercado difícil de prever.

Em 2018, 1,4 milhão de pessoas investiam em criptomoedas no Brasil, segundo dados da corretora de ativos digitais Mercado Bitcoin, enquanto os investidores em bolsa ficavam por volta dos 800 mil. Ou seja, o número de investidores em criptos era praticamente o dobro.

Isso não significa que você não deve comprar criptomoedas nunca

A questão central desse tema é que o certo é começar a investir pelo seguro. Da mesma forma que ao entrar em algo novo o mais prudente é colocar primeiro uma perna e depois o restante do corpo, nos investimentos funciona da mesma forma. Não se jogue de corpo e alma direto em um dos ativos mais arriscados do mercado, principalmente se não tiver nenhum tipo de experiência ou conhecimento.

E mais, portfólios devem ser diversificados. Não coloque todo o seu patrimônio em um só ativo, ainda mais se este for alguma criptomoeda, como faz grande parte dos brasileiros. O ideal geralmente recomendado é de colocar no máximo 5% do patrimônio em criptomoedas, isso se for um investidos arrojado. Ou seja, se você tem R$ 10 mil não pode de forma alguma colocar mais do que R$ 500.

Assim, o grande problema da afirmação de Felipe Neto é não explicar todas essas ressalvas ao tratar de uma informação para o público relevante que ele tem, mas que provavelmente não tem tanto conhecimento sobre e que poderia colocar o próprio dinheiro no ativo sem nenhuma cautela.

Para saber quanto investir em criptomoedas no seu caso, preparamos um teste, que pode ser acessado clicando aqui ou por meio do link a seguir: bit.ly/descubracripto

Essa coluna tem como único propósito fornecer informações e não constitui ou deve ser interpretada como uma oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro ou de participação em qualquer estratégia de negócio específica. Possui finalidade meramente informativa, não configurando análise de valores mobiliários nos termos da Instrução CVM Nº 598, e não tendo como objetivo a consultoria, oferta, solicitação de oferta e/ou recomendação para a compra ou venda de qualquer investimento e/ou produto específico.