Juros altos podem virar uma bola de neve
No cenário atual, já é uma bola de neve para muitos estudantes: 53% dos estudantes que financiaram seus estudos estavam inadimplentes (há mais de 90 dias sem pagar) em 2020, de acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um dos programas de financiamento mais conhecidos, sendo disponibilizado pelo governo e tendo taxas mais atrativas. Mas mesmo assim, até algum tempo atrás, quando as taxas ficavam por volta de 6,5%, o fato de os juros compostos aumentarem o débito com o tempo fazia com que o valor devido se tornasse muito elevado.
Neste caso, simulei um financiamento de 50% de uma mensalidade de R$ 6 mil, aproximadamente a média do valor dos cursos de medicina do país (em 2007), de acordo com estudo do Semesp. Hoje, o valor é muito maior que isso, portanto trata-se de uma projeção bastante conservadora.
Assim, após o fim do curso de seis anos e o prazo de carência de um ano e meio (18 meses), o montante total devido seria de R$ 285.455,70, frente aos R$ 216 mil que seriam pagos à vista. Mas agora vem a fase de amortização, ou seja, em que serão pagas parcelas mensais para quitar o débito, mas ainda com a incidência dos juros. Na presente simulação, foi considerado um prazo de amortização de 17 anos e 11 meses, com parcelas mensais de R$ 2.214,95 durante todos esses anos. Após encerrado o contrato, seriam pagos no total R$ 478.429,20, ou seja, mais do que o dobro das parcelas originais de R$ 216 mil.
É claro que para quem não tinha outras condições pode ser um bom negócio neste caso. Mas em outras espécies de financiamento esse cenário é muito pior. As taxas praticadas em bancos no mercado, geralmente giram por volta de 2% ao mês, quatro vezes mais do que o 0,5% desta simulação do FIES.
A solução? Avaliar muito bem as datas e parcelas a serem pagas em cada período, as taxas de juros, o montante que seria pago por aquela parte da mensalidade sem e com o financiamento. Muitas vezes, essa diferença pode ser de centenas de milhares de reais, como mostramos no exemplo acima. E mais: sempre avalie muito bem as opções disponíveis, como se não vale a pena estudar por mais algum tempo para conseguir algo mais barato, pesquise taxas e veja os tipos de financiamento disponíveis.
Esses três principais tipos de financiamentos são o feito por meio do governo, como o FIES, da própria faculdade e por programas de financiamento bancários, estes últimos geralmente os que possuem taxas mais altas.
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