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Finanças de A a Z

por Ana Porto

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Guerra da Ucrânia intensifica corrida do ouro e pressiona bolsas em todo o globo

Bolsa de Valores russa registrou queda de 45% em seu principal índice. Preço do ouro dispara e chega próximo a sua máxima histórica. Fuga de capital estrangeiro em busca de proteção também impulsionou o dólar.

Bolsas respondem ao conflito

Com o anúncio do início da ofensiva russa na madrugada do dia 24/02, bolsas de valores do mundo inteiro operaram em queda. Ativos de empresas dos setores ligados à petróleo, agronegócio e minério foram impactados.

No início do pregão da bolsa americana, os ativos despencavam em meio a incerteza ocasionada pelo conflito, porém se recuperaram ao final do dia  e seguem neste rumo após o anúncio das sanções à Rússia. Paralelamente, devido às sanções, a Bolsa de Valores russa teve seu pior dia na história, com uma queda de 45% em seu principal índice.

No entanto, após um dia do início do conflito, a mesma bolsa chegou a registrar uma alta de 22%. A explicação para essa retomada, pode estar na reunião realizada no Kremlin, entre Putin e representantes de diversos setores da economia que ocorreu na noite de quinta-feira (24).

No mercado brasileiro, com a incerteza sobre os rumos da economia global, os preços dos papéis de grandes empresas do país, pertencentes a setores que podem ser e estão sendo afetados, como o agronegócio, petróleo e indústrias dependentes de importação de insumos, sofreram pressão. O índice IBOV (principal indicador de performance da Bolsa Brasileira) registrou no acumulado da semana um recuo de 0,93%

Confira a seguir os principais ativos brasileiros que foram afetados

  1. O setor petrolífero é um dos poucos beneficiados pelo conflito, devido à alta explosiva do preço do barril de petróleo que ultrapassou a barreira dos U$100. As queridinhas da bolsa Petrobras (PETR4) e PetroRio (PRIO3) exemplificam esta expectativa, tendo se valorizado desde o início do conflito.
  2. Empresas cuja principal atividade é a exportação de insumos também foram afetadas, que mesmo com a valorização do dólar, investidores têm apostado numa menor capacidade de geração de valor no médio e longo prazo. Empresas como a Mineradora Vale (VALE3) e a Usiminas (USIM5) foram as mais afetadas neste sentido.
  3. As principais empresas afetadas são aquelas que possuem em seus custos de produção exposição à commodities (termo utilizado para se referir à matérias-primas). Nesse quesito, as empresas BRFoods (BRFS3), SLC Agrícola (SLCE3) e Camil (CAML3) operaram em queda devido ao repentino aumento dos preços dos insumos que estas utilizam para produzir.

A corrida do ouro (e do dólar)

Em momentos de crise, é comum observar um movimento de mercado em torno do ouro e do dólar. Isso ocorre porque, culturalmente, ambos os ativos são vistos pelos investidores como uma forma de se proteger dos impactos negativos.

Tradicionalmente, ao longo da história, o ouro sempre foi visto como uma excelente reserva de valor, dado a sua utilidade para diversos setores da indústria, além de ser um bem extremamente durável e que possui um potencial de geração de valor inato.

Desta forma, o esperado é que o ouro tenha uma grande valorização durante essa crise, dado que investidores ao redor do globo estão buscando proteger seu patrimônio da inflação gerada pelo conflito.

Seguindo nessa ideia de proteção, o dólar que estava em ritmo de desvalorização ante ao real, retomou um pouco de sua força com o início do conflito. Isso se deve, muito em parte, ao medo que investidores estrangeiros estão de aplicar em países emergentes cuja moeda é mais fraca, mesmo estando atrelados a uma maior rentabilidade fixa. Desta forma, o fluxo de capital estrangeiro esperado no mercado brasileiro devido às recentes altas das taxas de juros, é menor e quanto mais o conflito se estender, por mais tempo este ciclo se perdura.

Em resumo, é esperado que em momentos de estresse geopolítico, investidores busquem sair de ativos com um maior risco atrelado e alguma forma de proteção para sua carteira de investimentos. No entanto, é importante, principalmente se tratando de mercado financeiro, agir com cautela e inteligência, para não tomar decisões precipitadas sobre compra ou venda de ativos, em momentos de grande turbulência global.