Por Efigenia Márlia Brasilino
Recentemente, a China anunciou a limitação do uso do Tik Tok para apenas 40 minutos por dia para crianças. Além disso, o aplicativo vai bloquear o acesso a todos os usuários entre 22h e 6h, diariamente.
O Tik Tok não é o melhor canal para a difusão de conteúdo transformador e propagador de boas ideias, mas se pensarmos de forma macro e na sua essência de rede social, representa a era da informação, na qual os limites territoriais são transpostos facilmente. Isso demonstra o real comportamento de um regime autoritário, marcado pelos ideais não legítimos em um estado não democrático.
A situação narrada não é estranha ou inovadora, pois no início do ano de 2021 vimos as tradicionais postagens “duronas” do ex-presidente Trump sumirem do mapa após o banimento determinado pelo Facebook e Instagram. Se você não percebeu, convido a pausar a leitura, abrir o aplicativo do Instagram e consultar a conta do ex-presidente americano. Percebeu que a última postagem é de 05 de janeiro de 2021? Pois bem, se trata do dia em que o conselho de supervisão do Facebook decidiu pelo banimento sem prazo determinado do “Tio Sam”.
No Brasil dos últimos meses, acompanhamos nos grandes canais de comunicação o surgimento de dilemas entre a moral, a ética, o direito e o respeito às instituições. Para refrescar nossa memória, vale lembrar como exemplo o mandado de busca realizado pela Polícia Federal na residência de Sérgio Reis, e a pedido do ministro Alexandre de Morais em razão da investigação dos supostos atos violentos e ameaçadores contra a democracia, segundo ele, praticados pelo cantor, e que surgiram após o vazamento de áudios da rede social WhatsApp.
Outra ação que gerou surpresa foram as prisões de parlamentares, sanção de redes sociais e revistas, como a Crusoé. Além disso, temos a troca de farpas via Twitter e imprensa, que ocorre quase que semanalmente entre executivo e legislativo. Não há como negar que estamos diante do início de uma crise política, e cujo pivô foi causado pela utilização de uma rede social.
Percebo que, em todos os exemplos citados, havia duas partes que se digladiavam pelo controle e poder da opinião pública, enquanto que uma terceira atuava num papel aparentemente passivo de meio de comunicação.
O ponto que gostaria de ressaltar neste artigo é o quanto devemos nos sujeitar ao controle estatal e ao respeito às instituições, e o quanto devemos preservar nossa liberdade individual a partir da mudança da tecnologia. Em outras palavras, nem tudo que é dourado é ouro, e nem tudo que reluz é prata!
É por isso que devemos reconhecer que em todos os casos foram cometidos excessos, e que nem todas as atitudes são justificáveis. Por fim, deixo a reflexão que deve ser respondida sempre que nos depararmos com um posicionamento unitário: será que estamos diante de ações de grupos de pressão que podem redirecionar o futuro da nação com apenas um clique, áudio, canetada ou prática do cancelamento?
Temo a resposta, e espero que a máxima “contra fatos não há argumentos” seja válida e não nos repousemos somente em suposições, mas sim em fatos que ameacem a democracia, combatendo os verdadeiros indivíduos que os praticam.