Como a inflação torna você mais pobre

Inflação: uma palavra que todos escutaram bastante nos últimos meses, e não foi à toa. Na semana passada (08/10), saiu o resultado do IPCA, prévia do índice da inflação calculada pelo IBGE dos últimos 12 meses, que já chegou aos 10,25% e é um dos maiores em anos (muito provavelmente devido à pandemia da Covid-19); […]

Por Alefe Gadioli

Inflação: uma palavra que todos escutaram bastante nos últimos meses, e não foi à toa. Na semana passada (08/10), saiu o resultado do IPCA, prévia do índice da inflação calculada pelo IBGE dos últimos 12 meses, que já chegou aos 10,25% e é um dos maiores em anos (muito provavelmente devido à pandemia da Covid-19); na região da Grande Vitória esse índice chegou a bater 11,52% no mesmo período.

Além dos nossos bolsos, a inflação traz outros impactos negativos à economia. Altas muito acentuados e permanentes geram uma série de distorções, o que significa mais imprevisibilidade ao empresário, bem como piora do bem-estar das pessoas. Explicando de uma maneira mais simples: um dono de restaurante não consegue repassar os preços aos seus clientes da mesma maneira que compra, logo, ele terá uma perda da receita, o que prejudica o crescimento, a renda e o emprego no geral.

Uma das melhores ferramentas que os Bancos Centrais possuem para reduzir a inflação é subir a taxa básica de juros (no Brasil é a SELIC). Basicamente, a Selic serve como parâmetro a todos os empréstimos e investimentos no país, ao passo que, se os juros sobem, os empréstimos ficam mais caros; então, tanto os empresários quanto as pessoas preferem deixar seus investimentos em renda fixa devido ao seu retorno maior. Com menos giro de capital, o crescimento da economia começa a esfriar, e os preços param de cair.

Ademais, por conta dos recentes ajustes e aumentos de juros, já podemos visualizar uma redução de boas expectativas para esse ano e para o ano que vem.

Mas, então, vem a pergunta: se juros prejudicam tanto a economia, porque aumentá-los?

No Brasil, a autoridade monetária — que é o Banco Central — tem um único mandato e possui como obrigação manter a inflação dentro da meta (que hoje está em 3,75%), com uma margem de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

Todavia, em outros países as coisas são diferentes. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Federal Reserve (o banco central de lá) tem a obrigação de manter tanto a inflação quanto o desemprego em equilíbrio; esses dois mandatos juntos fazem muita diferença, pois permitem aceitar uma inflação um pouco mais alta em troca de um estímulo à economia por mais tempo. Porém, é sempre importante ressaltar que a realidade dos Estados Unidos é bem diferente da nossa aqui.

Mas, ainda assim, todos os especialistas do mercado concordam que, em um cenário de inflação alta, é melhor subir os juros para contê-la em vez de deixá-la livre.

A inflação é um velho fantasma dos brasileiros. Os mais velhos sabem como ela dói no bolso e na vida.