Por André Paris
Continuando nossa série de textos sobre como uma empresa pode influenciar o comportamento de seus funcionários e, por extensão, sua cultura corporativa, compartilho no texto de hoje o conceito de “Nudge” (empurrõezinhos), conceito criado por Richard H. Thaler e Cass R. Sunstein e as implicações de um experimento sobre honestidade conduzido pelo economista comportamental Dan Ariely.
“Nudges” (empurrõezinhos) direcionados aos comportamentos esperados
De acordo com Richard H. Thaler e Cass R. Sunstein, todos os seres humanos possuem duas formas de pensar, uma delas é intuitiva e automática (sistema automático), e a segunda maneira é reflexiva e racional (sistema reflexivo).
Os autores compartilham que, apesar da percepção de que sempre usamos nossa razão ao tomar decisões, muitas escolhas não são feitas usando nosso sistema reflexivo, na verdade, o sistema automático é aquele utilizado.
Eles também argumentam que, na maioria das vezes, o principal sistema que está decidindo por nós é o nosso sistema automático. Como questões relacionadas a compliance e a condutas éticas costumam exigir mais esforço e reflexões de nossa parte, é um assunto que frequentemente é uma questão a ser resolvida pelo nosso sistema reflexivo. Mas o que fazer se, em vez disso, estivermos escolhendo principalmente por meio de nosso sistema automático?
Para nos ajudar a responder a essa pergunta, alguns trabalhos comportamentais, especialmente os conduzidos pelos autores já mencionados neste capítulo e por Dan Ariely sobre (des)honestidade humana, são muito esclarecedores.
Um experimento sobre honestidade
Dan Ariely conduziu uma série de experimentos para avaliar se somos tão honestos quanto pensamos que somos. Durante seus experimentos, ele empregou múltiplas variáveis que poderiam afetar os resultados do teste realizado, mas o núcleo do experimento permaneceu o mesmo: uma tarefa era definida para o participante e, dependendo de seu desempenho, ele receberia menos ou mais dinheiro.
Se o participante respondesse mais tarefas corretamente, ele receberia mais dinheiro do que se não conseguisse responder tantas tarefas com precisão. E, para deixar as coisas um pouco mais interessantes, Ariely criava em seu experimento oportunidades para que seus participantes pudessem trapacear para ganhar mais dinheiro (por exemplo, mentindo o número de acertos que acertaram).
Em seus experimentos, Dan Ariely descobriu que os participantes geralmente trapaceavam (não muito, mas trapaceavam) quando a oportunidade de o fazer era dada. Algumas variações do experimento inicial trazem insights importantes que podem ajudar as empresas a influenciar positivamente o comportamento de seus colaboradores e serão discutidas a seguir.
No próximo texto da série sobre economia comportamental e compliance irei tratar sobre uma das variações do experimento sobre honestidade conduzido pelo economista comportamental Dan Ariely.