Por Anelise Cypreste Santos
Já é sabido que a história econômica acompanha a evolução humana. Cientes disso e atentos às tendências, o ESG (sigla em inglês para Governança Ambiental, Social e Corporativa) ganha cada vez mais força.
Todo empreendimento, independentemente de seu porte, pode vir a gerar um impacto positivo ou negativo no meio em que atua. Estamos todos, cada dia, mais conectados às decisões que impactam a sociedade como um todo.
Fatos históricos e falências recentes demonstram que uma má liderança impacta muito mais do que apenas o CNPJ e sua respectiva massa falida. O mundo em geral é bem mais dinâmico e complexo do que isso.
Voltando um pouco na história, os ingleses iniciaram a primeira Revolução Industrial em meados do século XVII graças ao surgimento da primeira máquina a vapor, possibilitando a produção em escala. Naquela época, conceitos como trabalho infantil, poluição, escassez de recursos minerais e equidade salarial ainda nem eram conhecidos, e sequer pensados.
A produção em escala é considerada o motivo pelo qual a teoria Malthusiana tenha ficado apenas na hipótese. Seu autor supôs que a população cresceria em ritmo acelerado, superando a oferta de alimentos, o que resultaria em escassez de recursos e, por consequência, a miséria global.
Diversas inovações se sucederam ao longo da história, e cada país em sua determinada velocidade e pioneirismo, em algum grau, devido à vontade do poder público para beneficiar ou atrapalhar o desenvolvimento econômico.
Muita coisa mudou no comportamento do consumidor nas décadas recentes; e graças aos investimentos robustos, tecnologia de ponta e negócios atuando em escala global, o problema da escala hoje é considerado superado.
Atualmente, o consumidor exige cada vez mais explicações a respeito do impacto social, ambiental e econômico que as corporações exercem sobre a sociedade. Até que ponto um produto de baixo custo é mais importante do que garantir que quem o produz não utiliza mão de obra análoga à escravidão, ou não polui as nascentes necessárias para alimentar a população local?
Na última década, a mudança climática tornou-se um compromisso de visão de longo prazo para diversas companhias e governos. Com base em estudos científicos (os quais destacam que, desde a Revolução Industrial, as emissões de dióxido de carbono (CO2) cresceram e, por consequência, a temperatura média global já aumentou quase 1°C desde o início da primeira Revolução Industrial), foi assinado o acordo de Paris no ano de 2015, no qual chefes de estado de 195 países se comprometeram a promover políticas ambientais em escala global. O intuito é obter um balanço neutro entre emissões e remoções até a segunda metade do século XXI: o que é definido como neutralidade de emissões de carbono.
Para adaptarem-se aos anseios de seus clientes (principalmente os de países ricos), diversas empresas brasileiras criaram planos ambiciosos de curto e longo prazo a fim de manterem-se competitivas frente a essa nova pressão de mercado. Em muitos casos, a intenção é excelente. Em outros, é puramente publicidade (não vamos entrar no mérito de apontar tais atitudes no presente artigo: o consumidor é quem decide onde comprar, e até qual medida essa pressão impactará na sobrevivência dos negócios).
De fato, nem todo consumidor está preocupado ou disposto a pagar um pouco mais caro para adquirir produtos sustentáveis. Cabe às companhias a adoção de estratégias que garantam o fornecimento em escala, mantendo a competitividade estrutural (sem incremento substancial nos custos de operação e produção), mantendo a qualidade de produtos e serviços, mas aliados aos impactos positivos no meio em que atuam.
Esse cenário é super desafiador, porém já é a configuração do presente! Quem ainda não pensou nisso, está um pouco atrasado em relação aos concorrentes. Esse é o mundo volátil e dinâmico em que vivemos hoje.
Após tudo isso que acabou de ler, sugiro a seguinte reflexão: o quanto essa nova tendência mundial vem afetando a sua tomada de decisão na sua rotina de gestão?