Cláudio Rezende: “Além de olhar para o futuro, o líder tem a responsabilidade de eliminar todos os riscos”

Cláudio Rezende é diretor-presidente da Damare, indústria de laticínios que completou 30 anos em 2021. Somente neste ano, foram lançados 17 novos produtos, além de a empresa ter entrado num novo ramo, de torrefação e moagem de café. A empresa tem crescido na ordem de 30% ao ano, com uma perspectiva mais arrojada para 2022 e 2023, demonstrando seu compromisso com a economia capixaba.

 

Você foi eleito líder no seu segmento de atuação por votação popular. A que atribui sua vitória? Por que as pessoas o elegeram líder?

A Damare está fazendo 30 anos, e ao longo destas três décadas tanto eu quanto a equipe temos um relacionamento muito grande com o produtor rural de onde a Damare compra leite; com nossos fornecedores; com nossos clientes, e com nossos consumidores. A gente construiu um relacionamento muito próximo com toda essa cadeia. A Damare é uma empresa capixaba, tudo o que a gente produz traz geração de emprego e renda para o nosso estado, principalmente o interior. Isso ajudou muito as pessoas a se decidirem na hora de votar. Fico muito grato de receber esse reconhecimento neste ano tão importante para a Damare.

 

Qual seu conceito de liderança?

Hoje, pelo menos na Damare, o que a gente tem praticado é que o papel do líder é de ensinar, andar junto. A liderança da Damare é muito jovem, a empresa é muito jovem. Eu particularmente tenho um cuidado muito grande de ajudar a formar essas lideranças. Procuro colocar uma sementinha em cada uma dessas pessoas, para que ao longo do tempo de carreira delas na Damare, isso realmente frutifique. O modelo de liderança é muito amigo, participativo, de estar junto. Uma liderança diferente das do passado, que eram muito distantes do chão de fábrica, da produção. São tempos modernos e procuramos realmente criar esse espírito dentro da empresa. Além disso, todas as lideranças que a Damare tem hoje saíram de dentro da empresa, então, nós procuramos colocar boas pessoas em nossa base, que tenham potencial de evoluir dentro da empresa e vamos fazendo com que, ao longo do tempo, essas pessoas conquistem o respeito, a admiração, a amizade e que possam se estabelecer como lideranças, não por indicação de promoção, mas pela base.

 

Por que é importante ter uma liderança positiva e como praticá-la?

A liderança positiva é natural. É importante não impor a liderança, mas ela surgir. É muito positivo ser colocado numa posição não por quem lhe promoveu, mas pela base, que está confiando em você para exercer aquele papel com competência, responsabilidade e respeito.

 

Na sua avaliação, como é possível encontrar o equilíbrio e desenvolver uma liderança mais humana, capaz de engajar pessoas?

A prova da liderança humana da Damare foram os dois anos de pandemia. A pandemia mexeu muito com todo mundo, fez todo mundo repensar, fez as pessoas terem um pouco de medo. E foi aí que a gente precisou trabalhar muito o equilíbrio e a liderança humana. A Damare foi muito bem na pandemia, cuidamos muito das pessoas, orientamos para que esses cuidados fossem levados para dentro de suas casas. Não tivemos nenhuma vítima de Covid-19 em nosso quadro e não paramos de produzir um só dia, num compromisso muito grande com o produtor de leite e com nosso consumidor, que precisava do alimento. A gente conseguiu demonstrar muito equilíbrio, carinho e humanidade no nosso tratamento. E esse é o modelo de gestão que a empresa tem. Meu grande papel é fazer os consumidores se apaixonarem pela Damare e fazer as pessoas que trabalham nela fazerem seu papel da melhor maneira possível, com prazer e orgulho. Isso gera humanidade. A Damare é uma empresa muito responsável em todas as áreas de atuação, e isso fortalece a estrutura, pois se a empresa sempre faz o correto e o melhor, todas as pessoas também têm que fazer. Isso é fundamental para que a gente possa ser uma empresa humana.

 

Quais comportamentos e habilidades precisam estar mais desenvolvidos no líder?

O líder tem que ser um sonhador, um encantador. Ele precisa estar realmente à frente do dia a dia da empresa, mas também estar olhando para o futuro e para os possíveis riscos. A liderança, para mim, é dividida em duas partes: o sonho, o planejamento do que a empresa ainda não faz, e a realidade, a análise dos riscos. Além de olhar para o futuro, o líder tem a responsabilidade de eliminar todos os riscos que a instituição tem. A Damare já passou por várias fases de risco, como na maior seca que o Espírito Santo teve nos últimos 70 anos. Tivemos o risco de falta de água para produzir, mas traçamos um plano e esse risco foi muito minimizado.

 

Qual o papel do líder para a garantia da diversidade na companhia?

Quando a gente fala em diversidade, está falando de entender um pouco de consumo, das mudanças que o consumidor deseja, principalmente no segmento de alimento. No Brasil temos ainda uma grande massa de consumidores que só quer mesmo levar o alimento para casa. Então, tem o público que quer novidades e propostas novas e aquele que precisa do básico. Temos que ter produtos de qualidade e sermos competitivos. É preciso entender o que o consumidor do futuro quer para atendermos todos os grupos de pessoas.

 

A quais outras pautas e temas o líder precisa estar atento nos dias atuais?

A gente tem que estar muito ligado às questões políticas, econômicas, de empregabilidade, de produtividade. Todas nossas matérias-primas são do agronegócio, então, é preciso estar muito antenado às movimentações de commodities. Fazer a gestão de uma empresa já é muito difícil, nos últimos dois anos foi ainda pior. Temos que estar atentos aos movimentos do futuro, é preciso ter uma definição de quais caminhos seguir, e isso só pode ser em função do momento que o país vive.

 

Quais foram seus maiores desafios e conquistas até hoje enquanto líder?

O desafio do líder é diário. Estamos à frente de uma empresa que cresce, se diversifica, se expande. Temos todos os dias novos desafios e conquistas, assim como derrotas. O sucesso da Damare é porque temos acertado na maioria das vezes, mas a gente também erra, porque somos humanos. Os desafios são muitos, mas a gente trabalha para ser a melhor opção desde o fornecedor de leite até o cliente final.

 

Qual é, para você, o futuro da liderança? Que habilidades precisa ter o líder do futuro?

O que mais encanta as pessoas é a paixão. Independentemente da forma de liderança, o líder tem que ser carismático. Não pode só olhar números. Eu não gosto muito desse modelo, pois cria na instituição uma imagem de falta de carisma, de que não se cuida das pessoas, mas somente se cobra delas. O líder tem que sempre estar motivado e motivando a equipe. O líder do futuro tem que ser mais humano.

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