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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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Crescimento econômico Impulsiona EUA e Brasil enfrenta desafios fiscais e inflacionários

A economia americana registrou um crescimento de 2,8% no segundo trimestre, impulsionada pelo aumento no consumo e destacando o setor de investimentos em tecnologia. O Fed sinaliza um ambiente econômico mais equilibrado, sugerindo possíveis cortes de juros futuros, embora o atual crescimento permaneça saudável. Com a inflação moderada, o cenário favorece um “pouso suave” da economia. No Brasil, a arrecadação superou as expectativas em junho, mas a inflação surpreendeu negativamente. O governo enfrenta desafios para acordos de desoneração da folha de pagamento e a política fiscal expansiva pode pressionar o Banco Central a aumentar os juros.

Internacional: eleições e juros em destaque nos EUA

A economia americana apresentou um crescimento de 2,8% no segundo trimestre, superando o primeiro trimestre, impulsionada principalmente pelo aumento no consumo. No início do ano, o consumo estava mais fraco, com dados decepcionantes de atividade econômica, mas essa tendência se reverteu em junho, com todos os componentes do PIB, exceto as exportações líquidas, contribuindo positivamente. O setor de investimentos em empresas de tecnologia teve destaque. As despesas domésticas privadas (PDFP), focadas na demanda interna, cresceram 2,6% em comparação com o trimestre anterior, sendo essa a métrica mais acompanhada pelo Fed para avaliar o desempenho da economia americana. O resultado foi sólido, indicando uma demanda consistente acima do potencial. O banco central americano, o Fed, tem sinalizado um ambiente econômico mais equilibrado, o que precede um ciclo de cortes de juros. No entanto, o atual crescimento da economia americana ainda é saudável, sem sinais de desaceleração. Em relação à inflação, o PCE (Índice de Preços ao Consumidor) de maio e junho mostrou uma leitura mais moderada, principalmente nos serviços, exceto habitação. Esse cenário de crescimento sustentável e inflação controlada torna crucial a decisão sobre a taxa de juros nos EUA nesta semana, embora o mercado já espere uma sinalização de cortes nos juros, o que parece exagerado diante dos dados. Esse resultado do PIB, aliado à desinflação, apoia a previsão de um "pouso suave" para a economia americana, permitindo ao FOMC ser cauteloso e aguardar mais dados antes de decidir sobre cortes de juros. Caso Donald Trump vença as eleições, o Fed poderá ser ainda mais cauteloso devido às expectativas de medidas inflacionárias de sua campanha. A previsão de clima seco nas áreas agrícolas dos EUA já impacta os contratos de agosto, especialmente para soja e milho, que estão em um momento crucial para a produtividade. O temor de condições climáticas adversas pode resultar em um aumento nos preços das commodities. Em um ambiente político polarizado, pesquisas recentes, como a da Ipsos, mostram a candidata democrata Kamala Harris com vantagem de dois pontos percentuais sobre Donald Trump. O apoio de Barack e Michelle Obama à candidatura de Harris é visto como um fator importante para consolidar sua posição e unir o partido nas eleições.

Brasil: arrecadação sobe e inflação vem acima das expectativas

O governo brasileiro considera a possibilidade de não chegar a um acordo com o Congresso sobre as medidas de compensação pela desoneração da folha de pagamento dentro do prazo estabelecido pelo STF, que se encerra em 11 de setembro. Uma das hipóteses é projetar a renúncia fiscal com compensação em valores iguais por meio de medidas a serem apresentadas pelo Congresso. O presidente da Câmara sugeriu ao ministro da Fazenda mudar de agenda e deixar de lado os aumentos de impostos. Em junho, a arrecadação foi de R$ 208,8 bilhões, superando as expectativas do mercado. Em termos reais, a arrecadação cresceu 11% em relação ao ano anterior e 9,1% no acumulado do ano. Esse foi o melhor resultado para o mês na série histórica, apesar do impacto negativo das enchentes no Rio Grande do Sul, que reduziu a receita federal em maio e junho. O IPCA-15 de junho surpreendeu o mercado, registrando 0,30% contra uma expectativa de 0,24%. A surpresa veio dos serviços, que subiram 0,7% no mês, com destaque para a difusão dos serviços, que aumentou de 75,4% para 76,9% na média móvel de 12 meses. O preço da gasolina subiu 1,43%, acima das expectativas, contribuindo para uma piora na composição da inflação, com os preços administrados ainda acima de 6% ao ano. Diante de uma economia que continua a crescer forte e com baixo desemprego, é difícil imaginar cortes de juros pelo Banco Central. A expansão fiscal recente é sem precedentes e pode levar a inflação e desancorar as expectativas, forçando o BC a considerar aumentos de juros no curto prazo.