Maio 2021
19
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Maio 2021
19
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Cenário atual de emissão de carbono

Uma tendência que tem se mostrado cada vez mais é a de neutralização da emissão por parte de algumas empresas. É o caso do BTG Pactual, que vem compensando suas emissões de escopo 1, 2 e 3 por dois anos consecutivos. Em 2019, foram compensadas 13 mil toneladas, enquanto em 2020 foram 8 mil toneladas, inclusos os mais de 90 escritórios de agentes autônomos de investimento (AII) que o banco de investimentos mantém no Brasil, dos quais a APX Investimentos faz parte.

Mas o que são os escopos 1,2 e 3? O escopo um engloba emissões diretas de gases de efeito estufa (GEE) que vêm das fontes produtivas da empresa, sendo de responsabilidade direta da mesma. Já o escopo dois trata de emissões indiretas em função do consumo de energia elétrica ou mesmo térmica. Por fim, o escopo três se refere às emissões provenientes de demais fontes indiretas de emissão. Vale ressaltar que, a depender do ramo da empresa, ela pode se enquadrar melhor em um escopo ou outro.

Assim, quando falamos que o BTG neutraliza a emissão até mesmo do escopo três, isso quer dizer que, desde os impactos dos recursos empregados em sua carteira de crédito, até o deslocamento de funcionários no trajeto entre a casa e o trabalho estão inclusos. Esta tendência de neutralizar a emissão de carbono, chamada de net zero, é cada vez maior e assume uma dimensão global, com cada vez mais pressão por parte de investidores, da sociedade e de clientes.

Há duas formas principais de fazer isso: investir em projetos de preservação ambiental, como é o caso dos reflorestamentos, ou na compra de créditos de carbono.

Assumindo esse direcionamento, algumas empresas tendem a ter suas atividades mais impactadas. É o caso de petrolíferas ou mesmo empresas que extraem a matéria prima diretamente de florestas, como a Suzano e a Duratex, por exemplo.

Para dar uma noção geral, caso a CSN decidisse neutralizar suas emissões de carbono apenas nos escopos 1 e 2 a um custo de US$ 53 por tonelada de carbono, que corresponde ao preço praticado no mercado regulado europeu, o custo seria de 11,1% da sua receita em 2019. Já no cenário brasileiro atual, considerando um preço de US$ 7, o custo seria de 1,5% da receita.

Por isso, um caminho além de comprar créditos de emissão de carbono seria investir em novas tecnologias e processos produtivos para que grande parte das receitas não fossem corroídas. Essa mudança também tem se mostrado uma tendência mundial, uma vez que os players do mercado estão cada vez mais atentos às práticas ESG — environmental, social and corporate governance — ou seja, de governança ambiental, social e corporativa.

Tendência mundial de práticas ESG

As pessoas estão se importando cada vez mais com boas práticas de governança, ao contrário do que era visualizado anos atrás. De acordo com pesquisa da State Street Global Advisors, 80% dos investidores institucionais já consideram o ESG como parte da estratégia de investimento, o que reafirma esta mudança na forma de pensar investimentos. Além disso, levantamento do Global Sustainable Investment Alliance mostra que o volume de investimentos sustentáveis no mundo já bateu a marca de US$ 31 trilhões.

Entretanto, muitos podem pensar que estas empresas veem seus lucros reduzidos. Isso pode até ser verdade de forma direta, mas indiretamente acaba não se mostrando a realidade, visto que as marcas que adotam estas práticas são cada vez mais aceitas e ganham visibilidade. Não são raros os casos de empresas penalizadas pelo público até que suas práticas sejam melhoradas. A Vale é um exemplo, que teve suas ações prejudicadas por algum tempo devido ao rompimento das barragens de Mariana e de Brumadinho. Nos últimos dois anos, porém, suas ações mais do que duplicaram, após sinalizações de boas práticas, como iniciativas na Amazônia, por exemplo.

Ainda, o estudo Corporate Sustainability: First Evidence on Materiality, em que os pesquisadores observaram o desempenho de cerca de 2 mil empresas americanas ao longo de 21 anos, mostra que aquelas com classificações fortes em questões materiais de sustentabilidade têm um desempenho futuro melhor.

Essa coluna tem como único propósito fornecer informações e não constitui ou deve ser interpretada como uma oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro ou de participação em qualquer estratégia de negócio específica. Possui finalidade meramente informativa, não configurando análise de valores mobiliários nos termos da Instrução CVM Nº 598, e não tendo como objetivo a consultoria, oferta, solicitação de oferta e/ou recomendação para a compra ou venda de qualquer investimento e/ou produto específico.

Veja também

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

Pular para a barra de ferramentas