Maio 2021
21
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Maio 2021
21
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Alta correlação entre os mercados

Alguns dos fatores que influenciam os países são as políticas econômicas adotadas mundialmente. Assim, se o Fed, equivalente ao Banco Central nos Estados Unidos, adota uma postura dovish, ou seja, de juros mais baixos, os investidores são influenciados a tomar mais risco para obter maiores retornos. Afinal, com os treasuries americanos de dez anos rendendo 1,6% a.a. como no momento atual, a renda fixa perde atratividade.

A partir disso, os mercados são impulsionados globalmente devido aos aportes em aplicações como a bolsa, em que os recursos são revertidos para as empresas poderem crescer.

Por outro lado, com a alta da inflação americana, o que temos vivenciado recentemente, com o CPI (Índice de preços do consumir) em alta de 0,8% em abril, contra expectativa do mercado de +0,2%, o Fed poderia adotar um tom mais hawkish, aumentando os juros para controlar a inflação. Com isso, a economia tende a perder força, após o aumento do rendimento dos treasuries. Outra consequência também pode ser uma alta dos juros em outros países, para reter o capital extrangeiro.

Mas não apenas as políticas monetárias e fiscais dos Estados Unidos influenciam o restante do mundo. Se a demanda por lá se torna maior, o país tende a importar mais de outros, que lucram com isso, por exemplo. Além disso, a euforia ou o pânico tende a influenciar os mercados mutuamente.

Desempenho histórico comparado

Tendo em vista todos os fatores de influência citados, é natural que as variações históricas dos índices se relacionem de forma direta, principalmente no curto prazo, com novas informações repercutindo de forma semelhante em diversos países.

Nesse sentido, da mesma forma que o beta mede a sensibilidade de um ativo ante um índice, carteira ou outro ativo de referência, a correlação metrifica a relação entre dois índices em determinado período de tempo. Assim, a correlação 1 significa que há uma relação completa entre o desempenho de ambos, e -1 uma completa correlação negativa, ou seja, se um sobe, o outro cai na mesma proporção.

Nesse sentido, nos últimos dez anos, a correlação entre S&P500 e Ibovespa em dólar nos últimos 10 anos foi de 0,58. Isto é, eles geralmente andam juntos, tanto é que é muito comum falarmos que o Ibovespa caiu ou subiu puxado pelos mercados internacionais.

Mas a correlação entre eles não é completa: em alguns momentos, questões internas interferem. É o caso do período anterior à crise de 2016, em que a economia brasileira já não caminhava tão bem. Em 2014 e 2015, a correlação foi menor, em 0,46. Já durante a pandemia, a correlação se intensificou ainda mais, passando para 0,92 após nove março, o que se explica pelos eventos mundiais sendo guiados pelas novas informações e implicações da pandemia.

Portanto, o Brasil é diretamente impulsionado pelo mercado internacional, mas para realmente crescer, seguindo ou até mesmo superando outros países, precisamos fazer o dever de casa, não repetindo os mesmos erros de antes de 2016.

Essa coluna tem como único propósito fornecer informações e não constitui ou deve ser interpretada como uma oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro ou de participação em qualquer estratégia de negócio específica. Possui finalidade meramente informativa, não configurando análise de valores mobiliários nos termos da Instrução CVM Nº 598, e não tendo como objetivo a consultoria, oferta, solicitação de oferta e/ou recomendação para a compra ou venda de qualquer investimento e/ou produto específico.

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