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Chegou a hora de investir nos setores tradicionais?
A Marfrig anunciou há alguns dias que vem comprando agressivamente ações da BRF, que nasceu da fusão entre Sadia e Perdigão, chegando a 24,23% de participação no total de ações da empresa. Ambas já ensaiaram uma fusão há cerca de dois anos atrás, mas não foi à frente em função do desacordo em relação à governança da empresa que surgiria a partir da fusão. Agora, após as aquisições no mercado secundário, a Marfrig se tornou a principal acionista da companhia e foi ventilada a possibilidade de nova tentativa de fusão.
De acordo com o comunicado, a Marfrig pretende apenas diversificar seus investimentos, já que a BRF atua no segmento de suínos e aves, enquanto que a Marfrig está focada nos bovinos. Assim, afirma que a administração tem exercido uma gestão reconhecida e que não pretende eleger membros para o Conselho ou exercer influência pela BRF.
Além disso, o mandato do Conselho de Administração atual termina apenas em abril de 2022. Por isso, o BTG Pactual entendeu que qualquer mudança anterior exigiria uma assembleia geral para votar sobre eventual destituição, não devendo ocasionar grandes mudanças por enquanto.
Mesmo assim, o histórico passado e algumas questões estatutárias apontam na direção da possibilidade de uma fusão entre Marfrig e BRF, de acordo com a avaliação do BTG.
A Marfrig já expandiu seus negócios em muitas direções diferentes, como no caso da Seara, Moy Park, Keystone e National Beef. Nesses casos, ela sempre detinha uma participação majoritária para lhe conferir um controle significativo sobre as operações. Também contribui para a avaliação do BTG a tentativa de fusão por parte das empresas em 2019, que não se concretizou também em função do perfil da administração diverso e das estimativas de sinergias negativas. Agora, analisa-se que a BRF se aproxima da forma de fazer negócios da Marfrig.
Outro fator é que o estatuto social da BRF estabelece que qualquer acionista que adquirir participação de 33,3% ou mais precisa lançar uma oferta pública (OPA) com o intuito de comprar todas as ações ainda em circulação no mercado, pagando um ágio de 40% sobre o maior preço médio das ações nos 30 ou 120 dias anteriores.
Porém, a Marfrig não teria condições de lançar uma OPA para adquirir todas as ações da BRF. Em função disso, o BTG destaca a tese de que ela deve iniciar um trabalho para concretizar uma integração mais profunda, o que poderia ocasionar em uma fusão.
Assim, parece que a Marfrig tem o objetivo de ingressar no mercado global de proteínas e diversificar mais o seu negócio. Porém, é necessário destacar os possíveis riscos caso as margens do negócio de carne bovina nos EUA se normalizem, o que deve impactar as receitas da empresa, que tem ainda de arcar com os custos de endividamento devido à compra da fatia da BRF.
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