Jun 2021
4
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Jun 2021
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Tiago Pessotti
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porTiago Pessotti

Cenário da energia elétrica no Brasil

O sistema elétrico brasileiro tem visto melhoras nos últimos 20 anos, desde o último racionamento, com um sistema mais robusto de transmissão e menos dependente da geração hidrelétrica, aumentando a capacidade térmica e renovável.

Nesse sentido, embora a entrada na estação seca seja vista como um problema, reduzindo os estoques hídricos, a produção de energia proveniente de fontes renováveis, como eólica e solar, já é mais forte do que anos atrás. Em 2014, as energias renováveis ​​representavam 4% da capacidade instalada total no Brasil, enquanto hoje representam 12% do total. Além disso, a capacidade instalada total mais do que dobrou desde 2001 e subiu mais de 30% desde 2014, tendo crescido mais do que a demanda.

Nesse sentido, o BTG avalia que um cenário de elevação nos preços é mais provável do que o racionamento, podendo os reservatórios chegarem ao fim de 2021 com 22,3% da capacidade ao considerarmos um aumento da demanda de energia de 2,97% a/a. Porém, embora não deva haver racionamento, teremos de monitorar o início da estação chuvosa deste ano para melhores conclusões.

O aumento dos custos, também impulsionado pelo maior uso da matriz térmica, deve ser repassado aos consumidores no reajuste da tarifa anual das distribuidoras, mas o BTG acredita que os custos não serão totalmente repassados.

Segmentos mais afetados

Nesse cenário, dentre as empresas de geração, as possivelmente mais afetadas são aquelas com produtores hidrelétricos contratados, tendo em vista a redução da demanda. As empresas de distribuição podem ver alguma pressão sobre as necessidades de capital de giro, mas devem sentir o impacto da alta dos preços apenas no curto prazo. Ao longo do tempo, os preços tendem a ser repassados ​​para as tarifas na próxima rodada de ajustes nas taxas. E as empresas de transmissão não são afetadas porque a sua remuneração não varia com a demanda.

Alguns dos players mais impactados de forma negativa, na avaliação do banco, seriam Cesp (CESP6) e AES Brasil (AESB3), atuando na geração, com carteiras hidrelétricas relevantes e com menor disponibilidade de energia. Mesmo assim, a Cesp já comprou toda a energia necessária para 2021, já refletindo em partes o cenário negativo.

Por fim, a que mais pode se beneficiar é a Eneva (ENEV3), porque, a despeito da crise hídrica, ela pode utilizar-se de suas termelétricas para melhorar os resultados.

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