Jun 2021
7
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Jun 2021
7
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Demanda crescente, mas oferta ainda recuperando

Nos próximos anos, um dos principais fundamentos para a projeção de um ciclo de alta das commodities é o crescimento econômico, principalmente chinês, sustentado pelos investimentos em infraestrutura, que necessitam diretamente de matérias primas caracterizadas como commodities. A China foi uma das primeiras economias a retornar à normalidade e a única que teve crescimento do PIB em 2020, com +2,3% ante -4,4% no prisma mundial. No primeiro trimestre deste ano, o país já cresceu 18,3% na comparação anual, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta uma alta de 8,4% no PIB do país.

Se esse cenário se concretizar, a maior demanda por commodities é inevitável: a China é responsável por 57% do aço consumido no mundo, 45% da soja e 14% do petróleo. Mas não só a China, um dos pilares da retomada econômica é o impulsionamento do consumo e da produção, o que está intrinsecamente relacionado à maior demanda por commodities. Nesse sentido, em março deste ano o Goldman Sachs estimou que o mercado de petróleo permaneceu “em um grande déficit de 2,5 milhões de bpd desde fevereiro”, apesar da estimativa de aumento das exportações do Irã em 700 mil bpd no acumulado do ano.

Mas ao mesmo tempo em que a demanda é crescente, a oferta deve demorar mais um pouco para se recuperar, tendo em vista a incerteza que ainda está presente.

Foi o que ocorreu no último superciclo, de 2001 a 2014, que foi marcado pelo rápido crescimento na China, os estímulos econômicos após a crise de 2008, e a expansão do xisto nos EUA. Neste caso, o que se mostra é a demanda crescente, excedendo as expectativas e levando a um déficit da oferta por insuficiência dos investimentos no setor, entre outros fatores.

No entanto, algumas ressalvas foram postas na mesa nos últimos meses devido aos alertas constantes do governo chinês sobre as consequências dos preços elevados das commodities. De acordo com a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) do país, será fortalecido o controle de preços sobre commodities no 14° plano quinquenal chinês, destinado ao período de 2021 e 2025.

Na avaliação do BTG Pactual, porém, seria mais uma questão de ruído do que de ação em si. Assim, apesar de certas correções em alguns contratos futuros, a análise é de que os impactos no mercado físico são limitados. Ainda, se destaca a convergência de fatores, como o déficit estrutural e a recuperação econômica pós-pandemia.

A partir disso, é necessário avaliar caso a caso para ver quais empresas fazem mais sentido para o momento.

Principais empresas posicionadas no setor

Apesar da perspectiva positiva para a demanda por commodities, vale estar atento às empresas mais bem posicionadas no setor. Nesse sentido, seguem alguns dos principais players.

Vale (VALE3)

Os estoques de aço ainda estão em patamares baixos, de acordo com a avaliação do BTG Pactual, com expectativa otimista para a demanda da indústria siderúrgica chinesa. Esse cenário tem se intensificado no último ano em função dos investimentos do país em infraestrutura, com o intuito de impulsionar a retomada econômica. Além disso, a empresa ainda não sentiu efeitos relevantes dos controles de preços das commodities aplicados pelo governo chinês.

O BTG também avalia que as perspectivas dos volumes de minério de ferro produzidos pela empresa ainda podem ficar na faixa de 320 a 330 milhões de toneladas. Além disso, há previsões de distribuição de proventos na casa de dois dígitos para este ano e a tese ESG da empresa tem fornecido cada vez mais confiança aos investidores.

Gerdau (GGBR4)

A tese do BTG para a Gerdau se baseia em uma tendência de expansão de margem nos principais mercados, como Brasil e EUA. Ainda é considerada a possibilidade de expansão da margem Ebitda, que já apresentou alta de 41% no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior e de 267% na comparação anual. Além disso, a administração acredita na normalização das margens em níveis mais elevados em relação ao patamar pré-pandemia.

Suzano (SUZB3)

Apesar da especulação recente sobre a queda dos preços da celulose, a Suzano afirma que os fundamentos para a celulose permanecem sólidos. Os preços da celulose na China estão estáveis, por volta de US$ 780 por tonelada. Além disso, a avaliação é de que os estoques de celulose estão baixos. Também é considerado pela gerência que há maior perspectiva de crescimento da demanda da celulose em relação às outras commodities.

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