O fluxo líquido de investidores estrangeiros mede os recursos que estão entrando na bolsa brasileira, ou seja, o resultado das compras subtraindo as vendas. E analisar esses dados é essencial porque eles exercem grande influência sobre o desempenho da bolsa brasileira, com cerca de 50% dos recursos aportados sendo provenientes desse segmento.
Nesse sentido, os investimentos em bolsa no Brasil registraram a entrada líquida de R$ 12,2 bilhões em maio, pelo segundo mês positivo consecutivo, com R$ 7 bilhões em abril. Além disso, apenas em junho, o saldo já foi positivo em R$ 6 bilhões, e no acumulado do ano os aportes líquidos já somavam R$ 41,2 bilhões até 7 de junho, com recorde desde 2010, quando entraram R$ 46,43 bilhões.
Entre os fatores que influenciam no resultado positivo, a maioria deles está relacionada ao momento de recuperação econômica após a pandemia, apesar de o ano de 2020 ainda assim ter registrado uma entrada positiva de R$ 5,4 bilhões. Um deles, que vem influenciando o fluxo e o desempenho do Ibovespa nos últimos dias é o crescimento do PIB, divulgado na semana anterior, que veio em 1,2%, acima dos 0,9% esperados pelo mercado.
Com isso, as projeções de crescimento da economia foram revisadas para cima nesta segunda-feira (07), com o Boletim Focus projetando crescimento de 4,36% em 2021, ante os 3,96% de alta estimados na semana anterior. No gráfico ao lado, é possível ver a evolução das expectativas do mercado, medidas pelo Focus.
Além disso, o superávit comercial totalizou US$ 9,3 bilhões em maio, maior saldo para o período da série histórica e bem acima do resultado de maio, que veio em US$ 6,8 bilhões, também recorde para o mês. Ainda houve uma redução dos ruídos políticos, melhorando as expectativas dos investidores e reduzindo o risco.
Isso porque em momentos de grande insegurança os investidores tendem a recuar para países mais desenvolvidos e que, por isso, dispõem de menor risco de crédito. Em março de 2020, por exemplo, no auge da pandemia, o investidor estrangeiro retirou R$ 24,2 bilhões do Brasil.
Os investimentos estrangeiros em carteira, por sua vez, incluem as aplicações estrangeiras em títulos brasileiros, seja na forma de ações (renda variável) ou títulos de renda fixa (curto e longo prazos), negociados no país ou no exterior. Nesta modalidade, houve um saldo positivo de US$ 39,2 bilhões no acumulado dos últimos 12 meses, maior patamar desde dezembro de 2015.
Assim, de acordo com análise do BTG Pactual, “as perspectivas mais favoráveis para a atividade doméstica no ano, a redução do risco fiscal e o aumento das taxas de juros domésticas tendem a atrair um maior fluxo desses investimentos nos próximos meses”.
Ou seja, aponta-se para uma perspectiva positiva, mas é necessário que o Brasil siga no caminho das melhorias regulatórias, que mantenha certo grau de estabilidade política e institucional e desenvolva a facilidade de se fazer negócios.
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