A ideia de que a aposentadoria financeira só chega na velhice e é por conta do governo já se tornou defasada, com investidores cada vez mais focados na renda passiva, ou seja, aquele rendimento que você tem sem precisar dedicar tempo ou esforço contínuo. Mas se engana quem pensa que os rendimentos constantes só podem ser obtidos por meio da renda fixa. Há muitas ações pagadoras de dividendos que oferecem menor volatilidade e risco, dando maior estabilidade ao investidor, com retornos por distribuição de lucros que podem chegar a casa dos dois dígitos no ano.
Os dividendos nada mais são do que uma forma de distribuir o lucro das companhias para os acionistas. O seu pagamento pode ser trimestral, semestral, anual, ou até mesmo esporádicos. Vale lembrar ainda que existem outros tipos de proventos, como os Juros Sobre Capital Próprio (JPC).
Assim, são selecionadas companhias que remuneram seus acionistas acima da média do mercado de forma recorrente. Dessa forma, a análise é focada em ativos de alta qualidade, com resiliência de entrega de resultado e geração de caixa. Por isso, a carteira recomendada de dividendos raramente sofre alterações, sendo revisada de três em três meses.
A carteira subiu 2,92% em abril, contra +2,03% do IDIV e +1,94% do IBOV. Além disso, desde 2019, houve uma rentabilidade de +14,8%, contra +9,5% do IDIV e +10,5% do IBOV.
A seguir, estão os fundamentos de cada uma das ações da carteira recomendada de dividendos do BTG Pactual.
Vale (VALE3)
Após um dividend yield (d.y.) de 3,1% em 2020, a expectativa para o próximo ano é de 11,2%.
A tendência apontada é a Vale se beneficiar do crescimento da demanda global e dos preços recordes do minério de ferro, com fundamentos fortes da commodity junto à alta demanda da China. Além disso, houve transformações de segurança e governança na empresa, buscando restaurar a credibilidade, que destravaram seu potencial de valorização. Ela deve ser uma boa pagadora de dividendos no futuro, sendo que o BTG espera um retorno de caixa de aproximadamente 15% em 2021.
Taesa (TAEE11)
A expectativa do BTG para o d.y. da Taesa em 2021 é de 12,3%. Ela é um dos maiores grupos privados de transmissão de energia elétrica do Brasil, dedicando-se exclusivamente à construção, operação e manutenção de ativos de transmissão. Está presente nas cinco regiões do país, com 36 concessões e 12.725 km de linhas de transmissão.
Tem alta estabilidade de receita líquida e um modelo operacional resiliente mesmo em momentos econômicos mais difíceis da economia. Ela conseguiu elevar sua margem líquida de 48% para 81%. A companhia possui uma disciplina financeira muito forte, um controle rígido de custos e a mais alta nota de crédito na Fitch, Standard & Poor´s e Moody´s. Por fim, o payout — percentual do lucro líquido distribuído em forma de proventos — é de cerca de 90%.
Engie Brasil (EGIE3)
O BTG espera um d.y. para a ação em 2021 de 8,8%. A Engie integra a maior produtora independente de energia do país e atua também na comercialização. Em 2017, ingressou no segmento de transmissão e adquiriu os 50% remanescentes das ações da Engie Geração Solar Distribuída em 2018. Também adquiriu parte na Transportadora Associada de Gás (TAG) em 2019. A empresa sempre manteve prêmio frente às demais devido a liquidez e capacidade de entregar crescimento com disciplina de alocação de capital.
ISA CTEEP (TRPL4)
Com o substancial fluxo de caixa extra a receber, o BTG acredita que a empresa continuará pagando bons dividendos, com uma expectativa de 6% para 2021. Ela é a maior empresa privada de transmissão do setor elétrico brasileiro, atua em 17 estados e é responsável por cerca de 33% da energia elétrica transmitida pelo Sistema Interligado Nacional (SIN).
Foi aprovado em junho um aumento de 9,75% nas receitas (RAP) de 2018 do contrato 059/2001, de R$ 2,452 bilhões para R$ 2,692 bilhões, gerando uma parcela de ajuste de R$ 892 milhões, que será recebida por três anos, até 2023.
BB Seguridade (BBSE3)
O BTG espera um d.y. de 7,6% para a BBSE3 em 2021. A BB Seguridade é uma holding controlada pelo Banco do Brasil e atua em negócios de seguridade, nos segmentos de negócios de risco e acumulação e negócios de distribuição. Uma de suas vantagens é a rede de distribuição do Banco do Brasil, sendo destaque em todos os segmentos em que atua.
Além disso, há outras opções para não depender do governo para se aposentar, como a previdência privada, que a Ana Porto explica muito bem na coluna Finanças de A a Z.
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