Jun 2021
14
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

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Tiago Pessotti
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porTiago Pessotti

Fatores para a estagnação ou depreciação do ouro

A estagnação ou depreciação do ouro é uma tendência para os próximos meses ou anos:

1) Vacinação e retomada da econômica nos EUA

Os indicadores da economia americana já têm mostrado força com a retomada. O payroll não rural mostrou a geração de mais de 700 mil novos postos de trabalho em março. Já as vendas no varejo subiram 10,7% na comparação mensal de março.

No momento, 43,6% da população do país já foi vacinada, o equivalente a 143 milhões de pessoas, enquanto 308 milhões já receberam pelo menos uma dose. Assim, em um contexto de recuperação da pandemia, é natural uma redução da demanda por proteção em ouro, por exemplo.

2) Alta da inflação tende a aumentar retornos dos treasuries

A inflação alta tem influenciado os investidores a demandar um prêmio de risco maior nos juros dos treasuries de longo prazo, aumentando a pressão no Federal Reserve para reduzir os estímulos monetários. Quando este movimento ocorreu por volta de 2013, entre os anos de 2014 e 2018 o preço do ouro permaneceu praticamente estável.

Ainda, o Fed sinalizou na ata de sua última reunião a possibilidade de iniciar discussões sobre a redução da política de recompra de ativos, que vem injetando US$120 bilhões por mês no mercado de capitais norte-americano.

O BTG Pactual também avalia que há uma tendência de elevação dos juros americanos de longo prazo (Treasury de 5 e de 10 anos).

Correlação entre o ouro e os treasuries

A partir do que foi mencionado acima, é possível afirmar que há uma correlação entre os juros norte-americanos e o preço do ouro, da mesma forma como mostra o gráfico ao lado.

Assim, quando o retorno dos títulos é maior, ocorre uma desvalorização do ouro, ao passo que quando o retorno dos títulos cai, o ouro sobe. Durante a crise da Covid-19, por exemplo, o Fed aumentou os estímulos, reduzindo o retorno, o que auxiliou a fuga de capitais para o ouro, assim como o momento de maior incerteza, que gera a busca por ativos mais seguros.

Agora, com a discussão para retirar estímulos monetários, o processo de perda de força do dólar pode ser revertido, podendo provocar a migração de fluxos financeiros do ouro para a moeda norte-americana, reduzindo ou estabilizando o preço do metal no longo prazo devido à perda de sua atratividade.

Mas vale ressaltar que, caso o Fed retire os estímulos de forma tardia, é possível que o ouro continue a performar bem no curto prazo.

Portanto, o ouro ainda é um ativo importante na composição dos portfólios em função de seu valor intrínseco e do cenário econômico global ainda não tão claro. Mas o momento não requer uma alta exposição ao ativo como seria o ideal um ano atrás.

Essa coluna tem como único propósito fornecer informações e não constitui ou deve ser interpretada como uma oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro ou de participação em qualquer estratégia de negócio específica. Possui finalidade meramente informativa, não configurando análise de valores mobiliários nos termos da Instrução CVM Nº 598, e não tendo como objetivo a consultoria, oferta, solicitação de oferta e/ou recomendação para a compra ou venda de qualquer investimento e/ou produto específico.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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