Jun 2021
24
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Jun 2021
24
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Sector rotation: o momento mudou

O sector rotation ocorre quando a alocação de recursos se desloca de um setor para outro, com base no momento macroeconômico e condições de mercado. Até então, alguns papéis não haviam andado, ainda descontados devido à pandemia.

Assim, no movimento que ganhou força em maio, as ações de empresas da velha economia, geralmente mais atreladas ao consumo, finalmente dispararam, recuperando perdas. Muitas delas, inclusive, relacionadas ao desempenho da economia local, com as expectativas de retomada ganhando força.

O Produto Interno Bruto (PIB) esperado foi revisado para cima, riscos fiscais foram minimizados e a vacinação andou. Mesmo com esta última ainda abaixo de outros países, o mercado observa as perspectivas futuras, com novas doses chegando e previsões de vacinação para os próximos meses.

Dessa forma, o desempenho de algumas ações que compõem o Ibovespa e estavam descontadas veio forte em maio: 64 delas subiram e apenas 20 caíram. Abaixo estão as 10 maiores altas:

  • Eneva (ENEV3) – 25,84%
  • BRF (BRFS3) – 23,91%
  • Cielo (CIEL3) – 22,98%
  • Ambev (ABEV3) – 20,15%
  • Hering (HGTX3) – 19,99%
  • Eletrobras (ELET3) – 19,16%
  • Eletrobras (ELET6) – 17,85%
  • Iguatemi (IGTA3) – 17,53%
  • BR Malls (BRML3) – 17,44%
  • Qualicorp (QUAL3) – 16,24%

Dessas, três ações estão diretamente relacionadas ao mercado de varejo presencial (HGTX3, IGTA3 e BRML3). Além disso, a Ambev, que produz bebidas, e a BRF, do setor de alimentos. E outros setores como bancos também subiram bem, visto que estava bem descontado em relação ao restante do mercado.

A partir de agora, com a maior percepção dessa mudança, as ações de crescimento e mercado doméstico podem seguir uma trajetória positiva nos próximos meses, surfando a reabertura que pode acontecer no segundo semestre.

Fundos de ações tendem a performar bem no longo prazo

A maioria dos gestores não possuíam ações dos setores que mais subiram na comparativa recente porque ainda não havia a percepção de que o sector rotation estava ocorrendo. Isso influenciou o desempenho destes em relação ao Índice Bovespa neste ano e no último mês.

“O primeiro motivo para o desempenho é a composição do índice. A Vale, por exemplo, possui o maior peso da carteira teórica, representando sozinha mais de 11% do índice. O setor de commodities em geral e os grandes bancos possuem um grande peso, e esses setores performaram muito bem no ano”, afirmou Dirceu Simões, Analista de fundos de investimento da APX Investimentos. “Assim, como os gestores possuem uma carteira mais diversificada para mitigar riscos de concentração, acabaram ficando para trás”, complementou.

Vale ressaltar ainda que em alguns fundos é natural que o desempenho seja inferior ao do Ibovespa em momentos de alta além do habitual, tendo em vista o objetivo do fundo. Em fundos long bias, por exemplo, há a possibilidade de montar proteções por meio de opções, fazendo com que, mesmo que não venham a bater o Ibovespa, eles sejam defensivos e sofram quedas menores em momentos de pânico.

Além disso, Simões destacou que muitos deles possuem bilhões sob gestão. E, por isso, “mesmo que tivessem previsto o rali dos bancos, não conseguiriam alterar suas carteiras a tempo sem afetar a liquidez do mercado acionário”. Isso ocorre porque quando há um grande volume de recursos sendo negociado, é possível que não haja compradores suficientes para os papéis. Com isso, as vendas têm de ser realizadas aos poucos pelos investidores maiores.

Ele também explicou que boa parte dos fundos não procuram fazer market timing, isto é, não tentam prever os movimentos do mercado, ou mesmo ganhar do índice no curto prazo. “Eles procuram empresas com gestão excepcional a um bom preço, independente do cenário, aumentando a chance de performar no longo prazo”.

Principalmente em momentos em que o mercado performa mal, é possível visualizar melhor a eficácia das estratégias de proteção dos fundos. “Quando pegamos janelas mais longas isso fica ainda mais evidente”, complementa Simões.

Essa coluna tem como único propósito fornecer informações e não constitui ou deve ser interpretada como uma oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro ou de participação em qualquer estratégia de negócio específica. Possui finalidade meramente informativa, não configurando análise de valores mobiliários nos termos da Instrução CVM Nº 598, e não tendo como objetivo a consultoria, oferta, solicitação de oferta e/ou recomendação para a compra ou venda de qualquer investimento e/ou produto específico.

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