Ago 2021
26
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Ago 2021
26
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

A nova Oi vai prosperar?

Não cabe aqui entrar nos pormenores sobre os motivos para a gigante das telecomunicações iniciar o processo de recuperação judicial. De forma breve, a gestão ruim e as más fusões e aquisições levaram a uma escalada do endividamento.

Com o endividamento atingindo patamares bem altos, a deterioração foi inevitável. Mas isso deve ser revertido ao longo do tempo por meio dos planos admiráveis para a reestruturação da empresa e a melhora na gestão. O objetivo, que já tem sido executado, é se tornar uma grande provedora de fibra ótica no país.

Em função da turbulência recente e da visão negativa por parte do mercado sobre a orientação da companhia para o triênio de 2021 a 2024 divulgado nos últimos dias, suas ações caíram mais de 30%. O que deve prevalecer, porém, não são os rumores de curto prazo do mercado, visto que o plano da Oi ainda não deve refletir nos balanços atuais. Seu processo de turnaround vai demorar algum tempo para mostrar resultados financeiros.

Agora o cenário também é bem diferente do que o que a levou ao fundo do poço. As questões regulatórias, como obrigação de investir em negócios pouco rentáveis, a exemplo da telefonia fixa, não existem mais, entre diversas outras questões.

Foco em fibra ótica é o futuro da companhia

O potencial da fibra no Brasil é grande. Com ele, pode-se levar internet ultrarrápida para todo o país. Entendendo isso, a companhia viu uma oportunidade para retomar o crescimento. Porém, para isso, ela precisava encontrar compradores para os ativos que não faziam mais sentido e que devem gerar cada vez menos lucro. Essa é, inclusive, uma forma de se desalavancar.

No total das operações em progresso e considerando aquelas pendentes de aprovação no CADE, a empresa totaliza cerca de R$ 34 bilhões em venda de ativos. Seu valor de mercado atual, no entanto, está por volta dos R$ 7 bilhões, enquanto a dívida bruta está por volta dos R$ 27 bilhões.

Por meio da ClientCo, uma de suas frentes, a Oi está expandindo sua atuação em mercados desenvolvidos e regiões que ainda não foram exploradas, mas têm grande potencial, ofertando serviços digitais e soluções em TI por meio de uma plataforma de tecnologia que utiliza a fibra.

A outra frente da companhia é a V.tal, com participação de 42% após venda de uma parcela para BTG/Globenet. Esta oferece infraestrutura de fibra para operadoras e provedores de internet, tendo ainda um papel importante na viabilização do 5G para operadoras de telefonia móvel.

Assim, em um mundo em que a tecnologia e internet são o caminho, a Oi se posiciona como grande intermediadora dessa relação, e tende a ganhar com os avanços digitais.

Há riscos neste processo?

Como em toda empresa, há riscos de execução bem-sucedida de seu plano. Além disso, a expansão em fibra faz com que a empresa queime caixa por algum tempo. Assim, o sucesso depende também da capacidade de conciliar os compromissos com credores e as obrigações atuais até que o plano comece a surtir efeito e a empresa comece a mostrar resultados financeiros mais consistentes em sua nova operação. A previsão é de que ela continue queimando caixa por mais um ano, o que assustou o mercado.

Outro ponto importante para a sustentabilidade de suas operações é a aprovação da operação da venda da telefonia móvel por R$ 16 bilhões. As projeções da empresa são de que a recuperação judicial deve se encerrar no primeiro semestre de 2022, após a venda da Oi Móvel.

Assim, apesar dos riscos e desafios, muitas questões indicam que a estratégia ambiciosa da empresa deve vingar. Assim, movimentos de curto prazo do mercado são irrelevantes, mas podem ser ótimas oportunidades para comprar.

Essa coluna tem como único propósito fornecer informações e não constitui ou deve ser interpretada como uma oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro ou de participação em qualquer estratégia de negócio específica. Possui finalidade meramente informativa, não configurando análise de valores mobiliários nos termos da Instrução CVM Nº 598, e não tendo como objetivo a consultoria, oferta, solicitação de oferta e/ou recomendação para a compra ou venda de qualquer investimento e/ou produto específico.

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