Muitas dúvidas têm pairado sobre se a bolsa ainda é um bom investimento. No último mês, o Ibovespa caiu 4,44% até o fechamento de sexta-feira (27). Apesar disso, as empresas listadas em bolsa divulgaram bons resultados na última temporada de balanços, referente ao segundo trimestre.
A Conversa com Gestor da APX Invest desta semana com Bruno Lima, do BTG Pactual, foi sobre o assunto. Vamos trazer os principais pontos.
Apesar dos ruídos de curto prazo, o desempenho das ações em bolsa está sempre em linha com seu lucro. Nesse sentido, o segundo trimestre surpreendeu nos resultados, mas a bolsa ainda não reagiu.
Para analisar o quanto uma ação ou índice estão descontados, uma das métricas utilizadas é o preço/lucro (P/L) projetado. E o Ibovespa hoje está negociando a 9x P/L, abaixo da média histórica e em um nível bem próximo ao de 2008, período da crise do subprime.
De acordo com Lima, a temporada de resultados no Brasil surpreendeu muito em função do desempenho das commodities e das empresas relacionadas à economia local. “Sempre gosto de olhar o que o mercado está precificando. Quando o minério foi para US$ 200, a Vale nunca precificou isso”. Ou seja, neste caso, deveria haver um desconto no preço da ação.
Assim, de acordo com ele, a empresa “não subiu o quanto o minério subiu e não caiu como o minério caiu”. No preço atual, tudo indica que a VALE3 está descontada. Portanto, ele destaca que a melhor alternativa é se debruçar na análise do que está no preço, para assim saber se este está ou não justo.
De acordo com Lima há várias empresas na bolsa que já começam a chamar atenção devido aos níveis baixos de preço, gerando boas oportunidades. O stock picking, ou seja, se torna cada vez mais importante neste contexto.
De forma geral, “todos os setores mais ligados à economia local chamam atenção”, disse Lima. Alguns exemplos são o setor de varejo, com destaque para vestuário, que foi bastante impactado pela pandemia. A Renner, por exemplo, foi uma que sofreu bastante, assim como o setor de shoppings.
Além disso, o setor de construção civil está negociando em patamares muito baixos, mas com boas vendas e números de lançamentos, sendo que a pandemia acelerou a compra de imóveis, após uma demanda reprimida.
Ele também falou sobre setores com teses estruturalmente fortes, como o de saúde, que está aumentando a sua penetração no país. Com a queda da sinistralidade após a recuperação da pandemia os resultados devem melhorar.
Mencionou também o setor de serviços, ainda com uma base fraca, chegando ao patamar pré-covid. “Esperamos que essa demanda comece a ir para serviços, como alimentação fora de casa, entre outros”.
Por fim, afirmou que “nossa visão é de que a economia local vai seguir acelerando”, destacando uma visão otimista para o futuro.
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