O Crédito de Depósito Interbancário (CDI) é emitido pelos bancos em transações entre si. A taxa definida por ele, porém, é utilizada como referência para diversas aplicações de renda fixa. Esta é geralmente muito próxima do patamar da Selic, a taxa básica da economia, que entrou em um novo ciclo de alta após as mínimas históricas durante a pandemia.
Dessa forma, há alguns meses aplicar seus recursos em títulos indexados ao CDI rendia até mesmo abaixo da inflação, mas agora, com a Selic em 5,25% e perspectivas de alta, as aplicações indexadas ao CDI voltam a valer a pena.
Na semana passada foram divulgados os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, ou seja, a inflação, que subiu 0,87%, acima do teto das projeções do Broadcast e acima da média das expectativas do mercado. Com isso, o mercado já considera a possibilidade de o Banco Central ter que subir a taxa Selic mais do que o projetado até o momento, que está por volta dos 7,5% a 8%. As projeções do BTG Pactual, por exemplo, estavam em 7,5% antes da notícia sobre a inflação.
Nesse sentido, algumas instituições já revisam para cima suas estimativas para a Selic ao fim deste ano. A mais agressiva é da gestora Quantitas, que projeta a Selic em 10% nesta comparativa, ante 8% anteriormente.
Para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, as apostas no mercado de opções de Copom já são majoritárias em um aperto maior da taxa. A possibilidade de elevação em um ponto percentual, em 6,25% a.a., saiu de 68% na quarta-feira para 35% ontem, enquanto as apostas em 1,25 ponto percentual de alta foram de 28% para 37% no mesmo período.
Ou seja, as indicações de que a taxa Selic deve passar a render bem estão mais fortes, o que pode gerar oportunidades aos investidores para ter um rendimento maior, diversificar mais a carteira em classes diferentes de ativos mantendo boas rentabilidades e com menor risco.
Enquanto a taxa Selic ainda está abaixo da média histórica, há algumas oportunidades no mercado. Isso ocorre porque os spreads hoje são maiores. Há títulos pagando mais de 120% do CDI pelos próximos anos, mas essa taxa fixa paga em cima do indexador deve se tornar menor com a elevação da Selic.
Por isso, quem aproveitar o momento para pegar estas taxas deve se beneficiar do movimento de alta da Selic e, consequentemente, do CDI. Prova disso é que nos últimos meses isso já tem mudado. Enquanto cerca de quatro meses atrás era possível encontrar aplicações pagando 150% do CDI, hoje já se tornou praticamente impossível encontrá-las.
Ou seja, os spreads mensais médios do CDI estão caindo cada vez mais. Assim, a janela principal já passou, mas ainda dá tempo de pegar uma taxa melhor do que deve ter daqui alguns meses
Os títulos indexados à inflação também estão valendo a pena, mas este é um assunto para uma próxima coluna.
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