O investimento com base em práticas sustentáveis tem ganhado cada vez mais foco. É o denominado ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), ou seja, empresas que adotam boas práticas em termos de governança ambiental, social e corporativa.
Com base nisso, o BTG Pactual lançou uma nova carteira recomendada, com dez ações de empresas que, além destas qualidades, são consideradas com alto potencial de lucratividade.
Os oito temas macro definidos como parâmetro pelo BTG foram: economia de baixo carbono, transição para energia limpa, NPS (Net promoter score), a melhor métrica para medir a satisfação do cliente, inovação, digitalização, diversidade, boas práticas de governança corporativa e gestão de resíduos/economia circular.
Banco Inter (BIDI11)
Após as quedas de cerca de 30% em setembro, consideradas exageradas pelo BTG, a ação ficou barata. Grande parte disso foi em função de especulações sobre as provisões do banco, mas com a divulgação antecipada de dados por parte do banco, as expectativas negativas não se concretizaram.
Em relação à tese ESG, ele se destaca por alguns dados em relação ao setor bancário tradicional: 94% menos uso de água, 86% menos emissões de carbono, 97% economia de energia, 72% menor uso de papel. Além disso, o NPS estava em 84 pontos no final de setembro, o que é considerado um patamar de excelência.
Lojas Renner (LREN3)
Os resultados da Renner sofreram bastante o impacto do Covid-19. Porém, destacam-se seus canais offline voltando ao foco e as margens se recuperando, sem falar nos investimentos em sua plataforma online.
Sobre sua tese ESG, há um processo de certificação de seus fornecedores pela ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil), que avalia se estão de acordo com as melhores práticas socioambientais corporativas. Além disso, os compromissos públicos da empresa neste ano incluem 80% do portfólio de produtos com Re Seal (produtos cujas matérias-primas/processos têm menor impacto ambiental) e 100% algodão certificado em seus produtos. A companhia ainda recebeu o selo de sustentabilidade FTSE4Good pelo 7º ano consecutivo.
Magazine Luiza (MGLU3)
As principais teses da empresa são o modelo multicanal eficiente da empresa de varejo, além do desenvolvimento contínuo de sua plataforma de pagamentos. Na parte ESG, os fundamentos são o papel social da estratégia de digitalização da companhia, permitindo que outras empresas vendam produtos online, sem falar na política de diversidade de gênero e cor nas posições de liderança da empresa. Por fim, a empresa trabalha para reduzir a quantidade de embalagens consumidas e mede e compensa suas emissões de carbono nos escopos 1, 2 e 3.
Natura (NTCO3)
A Natura tem feito mudanças relevantes, como a revisão do alinhamento dos representantes de vendas no canal de vendas diretas. Também há bons sinais em termos de digitalização, além da oportunidade de corte de custos após a integração com a Avon.
Sobre o ESG, ela tem o compromisso de desenvolver produtos que “dão mais do que recebem” e não testa cosméticos em animais. Ainda, 50% dos resíduos gerados são devolvidos e as embalagens possuem 10% de produtos reciclados e 44% de recicláveis. Também equilibrou a participação de homens e mulheres na alta direção. Por fim, possui planos ambientais ambiciosos para os próximos anos.
Orizon (ORVR3)
A Orizon comprou a dívida sênior da Estre, que vai leiloar um pool de ativos composto por sete aterros sanitários e uma planta de recuperação de resíduos. Ainda, a empresa conseguiu uma concessão de 20 anos no leilão de energia A-5 para usina de transformação de resíduos em energia.
Em relação à tese ESG, ela é a maior geradora de créditos de carbono entre os gestores de resíduos, com mais de 2 milhões de créditos de carbono gerados por ano. Ainda, todos os ecoparques da Orizon estarão gerando eletricidade até o final de 2021. Também apoia comunidades próximas pelo patrocínio de projetos, campanhas e outras iniciativas, gerando um grande benefício social.
Porto Seguro (PSSA3)
Os resultados da seguradora vieram positivos, o que deve se manter no terceiro trimestre, além do sólido segmento de automóveis e da tese que se destaca em um ambiente de alta de juros.
Sobre a tese ESG, a empresa assume um bom trabalho em termos de governança, além de ter bons números no que se refere à relação com os clientes. Por fim, ela criou o programa Renova, que pretende reduzir o consumo de recursos naturais e a poluição.
Raízen (RAIZ4)
A empresa atua com o segmento de energia renovável a partir da biomassa da cana-de-açúcar, que além de estar ganhando bastante espaço no mercado, é ecologicamente sustentável. Também possui uma escala incomparável, cultura corporativa forte e uma estratégia clara. Apesar de tudo isso, o BTG avalia que a empresa está com múltiplos baixos, ou seja, bastante descontada.
Vale destacar que além de os biocombustíveis serem componentes da transição para uma economia de baixo carbono, os produtos da Raízen em geral contribuem para a redução de emissões.
Suzano (SUZB3)
O BTG avalia que os preços da celulose permanecem em patamares saudáveis, fazendo com que as recentes quedas da Suzano resultem em baratos. Além disso, no longo prazo é uma das melhores teses ESG da América Latina, sendo carbono negativa hoje, ao contabilizar que suas florestas retiram carbono da atmosfera. A empresa também possui um programa para aumentar a diversidade e inclusão e a meta de tirar 200 mil pessoas da pobreza.
Totvs (TOTS3)
Há um potencial relevante de fusões e aquisições, novos produtos e parcerias, além de que o carro chefe de seus negócios está crescendo
A principais frente ESG da empresa está relacionada à inovação, a partir de bom relacionamento com clientes, diversidade, atração e retenção de talentos e privacidade de dados. Além disso, a Política de Privacidade de Dados acaba de ser lançada, em pleno alinhamento com a LGPD e refletindo o compromisso da empresa com a segurança dos prestadores de serviço.
WEG (WEGE3)
As ações da Weg caíram 13% desde o pico em janeiro, retornando a níveis de valuation mais razoáveis. Os principais fundamentos do papel são: retomada dos equipamentos de ciclo curto com a recuperação da atividade, e resiliência do ciclo longo. Ela também está exposta, no longo prazo, à tendência de eletrificação da indústria automotiva.
Ela se beneficia da tendência de investir em energia limpa e motores elétricos mais eficientes. Ainda, a empresa tem práticas de governança corporativa fortes e foco na inovação e na satisfação do cliente, ainda com baixa rotatividade de funcionários e trabalha hoje para elevar a diversidade.
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