Mar 2022
27
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Mar 2022
27
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Da pandemia até agora: o que mudou?

Um dos setores mais beneficiados durante a pandemia de Covid-19 foi o setor varejista. Isso aconteceu devido a transformação digital que as companhias varejistas tiveram de enfrentar para se adaptar à nova realidade de comércio, o e-commerce, que naturalmente, explodiu com o anúncio de restrições para o convívio social que impactam no funcionamento das lojas físicas.

Com a euforia da valorização, no entanto, houve um grande volume de novos investidores nos papéis de empresas como a Via (VVAR3), Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas (AMER3), que compraram suas ações em meio ao boom do e-commerce e naturalmente pagaram mais “caro” por isso.

Agora, com a euforia do boom do e-commerce ficando para trás, aliado a fatores macroeconômicos (alta dos juros, inflação), corrida pela segurança digital e a competição de empresas tradicionais e de novos players, pressionam as margens de lucro das companhias e geram uma pressão para que haja um reajuste nos preços dos papéis.

A deterioração dos papéis é enorme. A Magazine Luiza (MGLU3), estrela da bolsa no ano passado pelo seu case de sucesso na transformação digital, despencou 75,5% em valor de mercado, sendo 16,7% somente neste ano de 2022. Via Varejo (VVAR3) também performou negativamente no período, com queda de 68,7% e no recorte de 2022, incríveis 27,8% de reajuste. Já a Americanas (AMER3) acumula 62% de redução no valor de seu papel, mas apenas 2,9% foram perdidos neste ano.

Destrinchando os fatores

Com a já mencionada transformação digital que as varejistas tiveram de passar, há também a preocupação de se proteger ciberneticamente. A Americanas (AMER3) é um exemplo do que não fazer nesse quesito, com a companhia tendo enfrentado recentemente um ataque hacker que tirou do ar as plataformas de vendas online do grupo por três dias seguidos. Além disso, as companhias que se preocuparem com sua segurança digital, naturalmente têm uma redução em suas margens, visto que é mais um custo operacional embutido na sua cadeia de produção, o que reflete em valores menores de cotação.

A macroeconomia também não tem colaborado. A atividade brasileira se recupera em marcha lenta, e com a alta da inflação, prejudica os varejistas na hora de repassar os custos de forma integral para seu consumidor, visto que o poder de compra da população se encontra menor.

Há também o custo de aquisição do cliente (CAC), que vêm aumentando dada a competitividade de empresas estrangeiras hiper capitalizadas, como as asiáticas Shopee e Alibaba, e pressionam ainda mais as margens das companhias.

Por último, mas não menos importante, há o desaquecimento da euforia que o mercado tinha para com o setor durante a pandemia. Para diversos players, os preços das ações estavam supervalorizados, e é natural haver uma correção para baixo em razão das expectativas futuras do setor, que não são positivas e da desaceleração do crescimento.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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