O cenário no mundo inteiro tem sido de apreensão e atenção nas possíveis mudanças das taxas de juros, isso porque, as taxas de inflação ao redor do globo estão atingindo patamares elevados. No Brasil, surge a dúvida se o fim do ciclo de alta realmente se aproxima e há preocupações com o risco fiscal, enquanto os combustíveis seguem elevados.
Nos Estados Unidos, o foco tem se voltado para os ‘FED Boys’ – apelido dado aos membros do comitê de política monetária americana -, que tem expressado algumas falas sobre o movimento que o Banco Central Americano (FED) vai adotar em relação à taxa de juros.
Neste sentido, haverá também a divulgação da ata da reunião, que irá trazer detalhes sobre o aperto quantitativo, o que pode mostrar que se não fosse a guerra, na última reunião já haveria um aumento de 0,5% nos juros.
Essa demonstração impactou a curva de juros de curto e longo prazo, tentando prever o movimento técnico realizado pelo Banco, que anunciou a venda de US$ 65 bilhões em títulos do tesouro americano por mês – efetivamente a redução do balanço do Banco, conhecido como aperto quantitativo -, apertando ainda mais a disponibilidade de crédito para as empresas, principalmente do setor de tecnologia. Há expectativas para a divulgação dos dados de março da inflação americana ao consumidor (CPI) na terça-feira (12), e para o produtor (PPI) na quarta-feira (13).
A inflação na Europa é a que mais chama atenção. O acumulado anual dos preços ao produtor já chega a 31%, e o Banco Central Europeu irá tomar a decisão sobre sua política monetária essa semana, com uma forte pressão para um aumento agressivo das taxas de juros. Além disso, a União Europeia impôs novas sanções sobre a importação de carvão russo, proibindo os membros do bloco de comprarem.
A medida tem como objetivo atingir o fluxo de receitas oriundas da exportação de recursos energéticos de Moscou, numa tentativa de impactar o financiamento da máquina de guerra russa. Embora o país comandado por Putin tenha sofrido economicamente com as sanções já impostas, a exploração e venda dos recursos energéticos para os países europeus ainda sustenta suas finanças.
Na Ásia, as novas restrições para conter o avanço da Covid – como o Lockdown em Xangai que ainda continua – começa a trazer pressão sobre as cadeias de suprimento e de logística, podendo contribuir para o aumento de preços dos produtos na ponta final. Na seara da inflação, os preços ao consumidor na China subiram acima do esperado no mês de março, registrando 1,5% em vez do esperado 1,2%. Da mesma forma, os preços ao produtor também superaram a previsão de 8% anualizado, e se encontram em 8,3%.
Assim como no resto do mundo, os índices de inflação brasileira vieram acima do esperado. Enquanto o mercado precificou um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 1,3% em março, ele surpreendeu e veio em 1,62%, o que traz dúvidas sobre a estratégia do Banco Central de finalizar o ciclo de alta dos juros na próxima reunião.
No entanto, os agentes do mercado ainda estão comprando a possibilidade de estarmos próximos do final deste ciclo, mas tal fato foi suficiente para elevar as projeções de juros futuras, com dúvidas sobre o início do corte pelo Banco Central, evidenciado pelo movimento nas curva intermediária que abriu mais que a curta e a longa.
No âmbito fiscal, o ciclo eleitoral pode pressionar a sustentabilidade da União, Estados e Municípios de acordo com levantamento feito pelo Ministério da Economia. O impacto fiscal de projetos considerados ‘graves’ e com risco de serem aprovados, possuem um custo anual de no mínimo R$ 46 bilhões.
A semana embora mais curta pelo feriado de sexta-feira santa, ainda será de extrema relevância, principalmente, para acompanhar as falas de Roberto Campos Neto – Diretor do Banco Central -, e entender os sinais que ele pode dar em relação aos próximos passos da política monetária.
Paralelamente, será realizada na quarta-feira (13) a assembleia dos acionistas da Petrobras e o principal tema é a eleição do conselho de administração. Na segunda-feira (11) o Ministro da Economia, Paulo Guedes, recebeu representantes das companhias aéreas LATAM, Gol e Azul, para questionar o preço do combustível e pedir alívio em impostos.
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