No Brasil, a expectativa é de encerramento do ciclo de elevação da taxa básica de juros, iniciado em março do ano passado. Nos Estados Unidos, o mercado pressiona o Fed, mas os dirigentes afirmam que o trabalho para o controle da inflação é longo e a economia americana ainda dá sinais de força, contrariando os planos.
Após o novo aumento de meio ponto percentual na taxa básica de juros, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizou que deseja interromper o ciclo de elevações. Iniciado em março do ano passado, o movimento tem como objetivo conter a inflação. De lá pra cá a Selic subiu 12 vezes consecutivas, de 2% para 13,75% ao ano.
O último ajuste foi feito na quarta-feira (03), chegando ao patamar mais alto desde 2016, quando a taxa começou o ano em 14%. A taxa básica de juros, no entanto, poderia tornar a subir diante de uma surpresa negativa, como por exemplo o aumento do risco fiscal ou os Estados Unidos continuarem elevando a taxa básica de juros por lá.
Divulgado na última sexta-feira (05), o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sofreu queda de 0,38% em julho. A deflação foi motivada pelo recuo nos preços de grande commodities, principalmente o minério de ferro com redução de aproximadamente 14% nos últimos dois meses.
Também devem ser levados em consideração a queda forte no preço do petróleo e o corte no valor do diesel que vêm fazendo os analistas de mercado revisarem para baixo a inflação. Mais cortes estão previstos nos preços dos combustíveis e a expectativa é de queda no IPCA de julho. Por isso o clima é de euforia nos mercados brasileiros.
Nesta semana, vale ficar de olho:
Terça-feira:
– Divulgação da ata da última reunião do Copom;
– Resultado do IPCA referente a julho, com expectativa de redução de 0,65%, contra aumento de 0,67% no mês anterior.
Quarta-feira:
– Performance das vendas no varejo, com previsão de queda de 1%, contra aumento de 0,1% anterior.
Sexta-feira:
– Divulgação do Índice de confiança do empresário com previsão de 58, contra 57,8 anterior.
Dirigentes do Fed, o banco central americano, se manifestaram na última semana sobre a elevação da taxa básica de juros. Incomodados com a pressão do mercado para o encerramento do ciclo, eles declararam que de fato está ocorrendo desaceleração na economia americana, mas que o trabalho para fazer a inflação voltar ao normal será longo.
Na sexta-feira saíram os dados do mercado de trabalho nos EUA. Foram criadas em julho 528 mil vagas de trabalho formais, retornando ao patamar pré-pandemia. O número chama a atenção nesse estágio do ciclo de elevação de juros e mostra que a economia americana ainda está aquecida, apesar do esforço do banco central.
Com os dados fortes do mercado de trabalho e as manifestações dos dirigentes do Fed, o mercado entendeu que as chances de uma nova elevação na taxa básica de juros nos Estados Unidos passou de 30% para 70%. Haveria a possibilidade de alta de 0,75% na próxima reunião, marcada para setembro.
O mercado de juros reagiu com bastante volatilidade no início da semana passada por conta da tensão provocada pela visita histórica da presidente da Câmara dos Estados Unidos Nancy Pelosi a Taiwan. Por isso aumentaram os preços de títulos públicos norte-americanos, investimentos considerados mais conservadores.
O senado aprovou um projeto de lei que acelera uma versão reduzida da agenda doméstica do presidente Joe Biden. Os democratas chamaram o projeto de o maior investimento no combate às mudanças climáticas já feito nos EUA. Na oposição, os republicanos afirmam que ele não vai parar os níveis históricos de inflação e cria impostos que poderiam levar a economia dos EUA à recessão.
Nesta semana, vale acompanhar:
Terça-feira:
– Divulgação do índice de preços ao produtor (PPI) anual da China, com expectativa de 4,9%, vindo de de 6,1% anterior, além do índice de preços ao consumidor (CPI) anual do país aisático com 2,9% de expectativa, contra 2,5% anterior.
Quarta-feira:
– Divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) mensal nos EUA, com expectativa de 0,2%, vindo de 1,3% anterior, e Core CPI (desconsiderados alimentos e energia), com expectativa de 0,5%, vindo de 0,7% anterior
– Fala do Membro do FED Bullard;
– Divulgação do Índice dos Gerente de Compras (PMI) Caixin de Serviços.
Quinta-feira:
– Divulgação do PPI mensal nos EUA, com 0,3% esperado, contra de 1,1% anterior
– Entrevista de Mary Daly, dirigente do banco central americano na Bloomberg Television, um dia após os números do CPI serem divulgados. Durante a semana, também devem se manifestar outros dois dirigentes: Charles Evans e Neel Kashkari.
Sexta-feira:
– Divulgação do índice de confiança do consumidor, com expectativa de 52,5, vindo de de 51,5 anterior.
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