Mercado financeiro e a incerteza do período eleitoral no Brasil
O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais do Brasil influenciou a Bolsa no início desta semana. As ações da Petrobras registraram alta de 6,78% às 14h05 dessa segunda-feira (03), cotados a R$ 31,82. O resultado das eleições contribuiu para que o Ibovespa, indicador do desempenho das cotações das ações negociadas na Bolsa de Valores (B3), fechasse essa segunda-feira (03) com alta de 5,54%. O dólar comercial registrou perda de 4,09% em relação à moeda brasileira, aos R$ 5,17. Isso significa a maior queda desde junho de 2018.
No último domingo (02), o ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alcançou 48,43% dos votos, enquanto o atual presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) deteve 43,20%, levando a corrida eleitoral para o segundo turno.
Além disso, o cenário que estava sendo apresentado pelas pesquisas, de que o candidato Lula ganharia no primeiro turno ou iria para o segundo turno com mais vantagem, não se concretizou. No entanto, o resultado eleitoral de polarização e resiliência de Bolsonaro tinha sido apontado pelo levantamento da Futura Inteligência, realizado entre os dias 26 e 28 de setembro.
Outra surpresa ocorreu nas disputas pelos cargos do legislativo e de governadores, que também divergiram do esperado pelas pesquisas. O bolsonarismo ganhou força e o PL de Jair Bolsonaro ganhou ao menos 23 deputados na eleição, chegando a 99 e se tornando a maior bancada eleita na Câmara nos últimos 24 anos.
Com destaque para a vitória dos ex-ministros Ricardo Salles, Eduardo Pazuello, Damares Alves, Teresa Cristina, Rogério Marinho, Jorge Seif e do vice-presidente Hamilton Mourão, além de outras personalidades como Magno Malta, Carla Zambelli e Romário.
Mesmo que o candidato Lula vença a corrida presidencial, a renovação do Congresso demonstra um cenário mais complicado a Lula. A tendência é de moderação mais ao centro em relação a governabilidade do que se imaginava, sendo descartada a hipótese de um governo mais para a esquerda. Ainda mais com a formação do Congresso e do Senado e a vitória dos parlamentares de direita.
Com o cenário presidencial ainda polarizado, o tom do atual presidente Bolsonaro, neste momento, deve vir mais agressivo com destaque para o discurso do combate à corrupção.
Agora, durante a campanha novas alianças devem ser formadas para o próximo turno. Os candidatos Simone Tebet (4,2%) e Ciro Gomes (3%) ainda não declararam apoio nesta disputa.
Confira os destaques na agenda desta semana:
Segunda-feira:
-PMI Industrial: 52 previsto de 51,9 anterior
-Balança Comercial do Brasil: previsão de 4,7 bilhões de dólares contra 4,2 bilhões de dólares no mês anterior
Quarta-feira:
-Produção Industrial -0,7% previsto de 0,6% anterior
-PMI Serviços: 53 de 53,9 anterior
Sexta-feira:
-Vendas no Varejo: -0,2% previsto de -0,8% do mês anterior
No mercado internacional, a pauta está ancorada no problema financeiro do Credit Suisse, um dos maiores bancos do mundo fundado na Suíça e com forte presença no Brasil e influência no Espírito Santo. Os investidores globais estão lidando com este desafio para enfrentar a crise e a instituição financeira tem investido em acalmar o mercado.
O Credit Default Swap (CDS), que indica o risco de crédito, aumentou em 15% nos últimos dias (números não vistos desde 2009). O CEO do Credit Suisse, Ulrich Koerner, admitiu durante o final de semana que o banco está em um “momento crítico” e se prepara para uma reformulação com um plano de estruturação do negócio.
Koerner pediu aos investidores até 100 dias para apresentar uma nova estratégia de recuperação, informou a Bloomberg. Admitindo que “a turbulência nos mercados pode fazer esse prazo parecer longo”. No entanto, uma atualização da estratégia está prevista para o dia 27 de outubro.
A preocupação de investidores do mundo inteiro ocorre porque o banco já apresentou fragilidade de investimento e perdas bilionárias nos negócios de investimentos e private banking. Apenas com um cliente, a Archegos Capital Management, o banco contabilizou uma perda de 5,1 bilhões de dólares.
Em relação aos preços do petróleo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) está considerando cortar a produção de petróleo em mais de 1 milhão de barris por dia (bpd), na reunião de quarta-feira, como resposta aos reflexos da desaceleração da economia global sobre o consumo.
Os contratos futuros de petróleo reagiram à notícia com salto próximo de 3%. Se confirmado, o corte pode acrescentar pressão ao cenário de crise energética atravessado pela Europa. A opção de cortar mais de 1 milhão de bpd é apoiada pela Rússia, o maior parceiro fora do cartel, com a Arábia Saudita, maior exportadora da Opep, que tem algumas reservas sobre o tamanho do corte, disseram delegados em off.
Agenda dos próximos dias:
Segunda-feira:
-PMI saiu em linha com o esperado em 48,5
-ISM Manufactoting PMI: com 52,5 previsto de 52,8 anterior
Terça-feira:
-Jolts JOB Openings: 11.35M previsto de 11,24M anterior
-PPI m/m com 4,9% previsto de 4% anterior
-Fala da presidente do Banco Central Europeu (ECB), Christine Lagarde: Possível detalhamento sobre a crise energética e sobre qual linha o Banco Central deve seguir para conter a inflação.
Quarta-feira:
-ADP NO-FARM Employment Chance: 200k previsto de 132k anterior
-ISM Services PMI: 56 de 56,9 anterior
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