Mercado financeiro aguarda decisões econômicas do presidente eleito
O mercado financeiro não reagiu muito bem às declarações que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez na última quinta-feira (10). Após fazer críticas à “estabilidade fiscal” e defender que é preciso colocar a questão social na frente desse tema, o dólar comercial disparou 4,14% na quinta-feira, enquanto a Bolsa de Valores Brasileira registrou queda de mais de 3%. Empresas do Ibovespa perderam R$ 156 bilhões de valor de mercado, sendo R$ 100 bilhões por queda das ações de estatais.
“Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social do país? Por que o povo pobre não está na planilha da discussão da macroeconomia?”, disse Lula.
As falas controversas do presidente eleito preocuparam o mercado financeiro, até mesmo economistas que o apoiaram durante a campanha. “O Lula dilmou”, disse o ex-ministro Henrique Meirelles.
A expectativa de um governo petista mais moderado foi descartada, já que Lula “tirou a máscara” utilizada durante a disputa presidencial.
Uma das notícias que teve repercussão e ganhou destaque foi a proposta da equipe de Lula de retirar, de forma permanente, os gastos com transferência de renda (como o Bolsa Família) do Teto de Gastos. A ideia é justamente viabilizar o orçamento para o Auxílio Brasil (que deve voltar a ser renomeado como Bolsa Família) para o ano que vem de R$ 600.
Antes do período eleitoral, o mercado financeiro tinha uma clareza maior sobre a condução da política econômica com o atual presidente Jair Bolsonaro e a equipe do liberal do Ministro da Economia, Paulo Guedes. Desta forma, seria um governo que manteria uma continuidade nas políticas realizadas nos últimos quatro anos.
Mesmo após a eleição e confirmação da volta do Lula para a presidência, o cenário econômico não está tão claro assim. Ainda mais sem a definição dos nomes dos ministros em seu novo governo e, em paralelo, indicando nomes delicados para compor as equipes de transição. Em síntese, o mercado está preocupado com os rumos que as coisas podem tomar daqui em diante.
A situação ficou um pouco mais delicada quando saiu o nome de Guido Mantega na equipe de transição do governo. Ele já ocupou vários cargos da área econômica nos dois mandatos de Lula e do primeiro de Dilma Rousseff (PT).
Além de tudo que movimentou o mercado, nesta semana também foi divulgado que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,59% em outubro na comparação com setembro, depois de uma sequência de três meses de deflação. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses foi de 6,47%. No ano, a inflação está em 4,70%.
Agora, o ideal é aguardar os novos anúncios que devem chegar em breve com os nomes dos próximos ministros, principalmente, de quem vai chefiar o Ministério da Economia. Os ânimos dos investidores nacionais e estrangeiros devem ser acalmados quando o anúncio do novo time econômico for divulgado.
Neste momento de incerteza com a política econômica, o ideal é ter cautela. Existem algumas medidas que os investidores podem adotar.
Com a Selic elevada, as alocações em renda fixa devem ficar concentradas em títulos ligados ao CDI. Os pré-fixados se tornam menos atrativos neste período. O ideal é manter a cartela de investimentos moderada, ver com oportunidades a bolsa brasileira e ter cautela com aplicações em renda fixa pré-fixada.
Oportunidades em ativos ligados à economia real devem ser observados. Para o investidor mais conservador, devem ser identificadas oportunidades em “real estate”, com empreendimentos imobiliários, já os investidores que precisam de mais retorno é melhor optar por mercados privados.
Independente do cenário político, o investidor precisa ter uma parcela de recursos e ter uma alocação fora do país.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória