Falas de Lula abalam o mercado financeiro e estatais perdem R$ 100 bilhões de valor de mercado
O mercado financeiro ainda está apreensivo com o risco fiscal que pode ocorrer após a apresentação da minuta da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca liberar espaço no Orçamento de 2023 fora das regras fiscais para que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva cumpra as promessas que fez durante a campanha. O vice-presidente eleito e coordenador da equipe de transição, Geraldo Alckmin, apresentou a minuta da PEC ontem (16/11), mas as notícias ainda repercutem nesta quinta-feira (17). O Ibovespa fechou em queda de 2,58%, enquanto o dólar subiu 1,50%, na casa dos R$ 5,38.
A minuta da PEC da Transição retira as despesas do Auxílio Brasil (que vai voltar a se chamar Bolsa Família) do Teto de Gastos de forma definitiva, liberando R$ 175 bilhões. A PEC vai começar a tramitar no Senado.
Durante uma reunião em São Paulo, o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, deixou clara sua preocupação com esse cenário. Veja a análise de Mansueto:
“Se começarmos um novo governo com um déficit primário do setor público de R$ 200 bilhões (2% do PIB), será muito difícil em 4 anos conseguir terminar o governo com superávit primário de 2% do PIB necessário para estabilizar dívida como % do PIB.
No entanto, isso pode mudar se houver aumento de carga tributária, o que não é bom. Mas se a decisão for retirar do teto do gasto toda a despesa com o Bolsa Família/Auxílio Brasil e aumentar despesa no próximo ano em R$ 175 bilhões por 4 anos, sem definir a fonte de recursos (financiamento) do programa, a dívida pública passará a crescer em um ritmo muito forte.
Com a dívida pública crescendo em ritmo forte, aumenta a taxa de juros e pode levar a uma revisão da nota de risco pelas agências de classificação de risco. Isso não seria nada bom.
A decisão de arrecadação e despesa são decisões políticas. Mas, se quisermos gastar mais, teremos que debater como pagar a conta, apesar da carga tributária já ser elevada no Brasil de 34% do PIB.
O problema não é R$ 600 do Auxílio Brasil/Bolsa Família que todos entendem como necessário. Mas isso seria R$ 50 bilhões a mais fora do teto e não R$ 175 bilhões.
Se retirarmos todo o Auxílio Brasil/Bolsa Família do teto de gastos pelos próximos 4 anos, a dívida pública, em 2023, crescerá entre 3 a 4 vezes o que cresceu nos últimos 4 anos. Isso vai assustar muitos investidores e não vai ajudar na redução da pobreza.”
Em momentos de maior incerteza econômica, política ou até mesmo em relação à conjuntura mundial tem como consequência uma volatilidade para investimentos no mercado financeiro.
Após a conclusão do processo eleitoral no Brasil, com uma política econômica muito incerta é necessário alocar bem os recursos.
Investimentos em Real Estate devem continuar promovendo aos investidores uma fonte consistente de proteção patrimonial e as alocações em renda fixa CDI e IPCA continuam sendo boas opções. É hora de ficar de olho nos investimentos alternativos, tanto no mercado imobiliário, como de empresas que estão fora da bolsa.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória