Jul 2023
31
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Jul 2023
31
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Mercado financeiro prevê queda de juros só a partir de agosto

A divulgação do IPCA na semana passada revelou que o índice ficou muito próximo do esperado em termos gerais, porém, ao analisar os detalhes, observou-se um comportamento abaixo do esperado para bens, incluindo alimentos e bens duráveis, enquanto a categoria de serviços se destacou positivamente, contrariando o padrão histórico.

O Banco Central, ao abordar os aspectos mais relevantes, costuma enfatizar a inflação de serviços, pois ela engloba características essenciais que compõem a oferta e a demanda do mercado de trabalho, como a capacidade de negociação salarial e o risco de a inflação se tornar inercial.

Atualmente, há uma pressão crescente sobre o ministro da Economia, Fernando Haddad, e a ministra de Planejamento, Simone Tebet, não tanto em relação ao início do ciclo de corte de juros, mas sim sobre o início com uma redução de 50 pontos-base em agosto. Existe ansiedade em relação à próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), com algumas instituições financeiras já prevendo um corte de 0,5% para o próximo mês.

Portanto, é importante aguardar o próximo IPCA-15, que trará informações relevantes sobre a inflação de serviços e fornecerá subsídios para o início do processo de corte de juros em agosto. A magnitude desse corte dependerá fortemente dos dados relacionados à inflação de serviços.

Analisando os dados de atividade econômica, observou-se um desempenho melhor do que o esperado no setor de serviços, enquanto o setor de comércio apresentou resultados mais fracos.

Essa conjuntura indica uma demanda mais fraca na economia brasileira, especialmente no consumo, com quedas significativas que podem levar a dificuldades de manter um padrão de renda elevado, apesar da diminuição de alguns elementos.

Comparativamente ao cenário internacional, essa combinação de atividade econômica em baixa e inflação geral em queda contrasta com alguns componentes mais relevantes para o Banco Central, que se mantêm em níveis mais elevados.

PIB da China cresce 6,3% no segundo trimestre de 2023

A divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nos Estados Unidos foi o destaque desta semana, revelando uma leitura abaixo do esperado e uma desaceleração de 1 ponto percentual em relação ao mês anterior, alcançando uma taxa anualizada de 3%.

Embora parte dessa desaceleração seja explicada pelo efeito base, a leitura mensal mostrou uma moderação em vários itens importantes, como os preços dos alimentos, que voltaram a se estabilizar. Tanto os bens quanto os serviços apresentaram uma desaceleração, sendo que a leitura mensal de serviços está mais alinhada com o padrão histórico para esta época do ano, após um longo período de variações.

O “super core”, métrica de inflação que exclui alimentos, energia e moradia, se manteve estável no mês e nos últimos três meses, com uma queda significativa de cerca de 3%, atingindo uma taxa anualizada em torno de 1,4%. Esses números ajudam a dimensionar o quão positivo foi o impacto nas diferentes dimensões da economia.

Olhando para o futuro, embora a inflação possa voltar a subir em 12 meses devido ao efeito base, espera-se que as leituras mensais continuem mais tranquilas. Isso se deve às indicações de outros indicadores, principalmente em relação à inflação de bens durante a última semana, como a queda nos preços de carros usados, dos preços ao produtor e dos preços de produtos importados. Ao mesmo tempo, a expectativa é que os aluguéis continuem desacelerando, o que reduzirá a pressão inflacionária.

Os números divulgados esta semana seguem uma tendência que podemos chamar de “Softland” ou “Goldlocks”, com a atividade econômica e o mercado de trabalho mantendo-se razoavelmente estáveis. Os pedidos de seguro-desemprego também estão em um nível mais favorável. Além disso, o relatório do Livro Bege, que traz percepções dos bancos regionais, indicou uma atividade econômica satisfatória, enquanto a inflação continuou em sua trajetória de desaceleração.

Na China, o Produto Interno Bruto (PIB) registrou crescimento de 6,3% no segundo trimestre de 2023 em comparação ao mesmo período do ano anterior, abaixo das projeções de mercado, que apontavam um aumento de 6,9%. Na comparação trimestral, o resultado dos três primeiros meses de 2023 apresentou crescimento de 0,8%, desacelerando em relação aos 2,2% registrados no primeiro trimestre.

No primeiro semestre do ano, o PIB chinês cresceu 5,5% em relação ao ano anterior, superando a meta de crescimento anual de Pequim, que era de aproximadamente 5,0%. Enquanto o PIB desapontou, a produção industrial da China apresentou um desempenho surpreendente, com um crescimento de 4,4% em junho na comparação anual.

Esse resultado superou as previsões dos analistas, que apontavam um crescimento de 3,0%. Já as vendas no varejo chinês avançaram 3,1% em junho em comparação ao mesmo período do ano passado, com um crescimento mensal de 0,23%.

Na agenda econômica, destacam-se os dados de produção industrial e vendas no varejo nos Estados Unidos.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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